“As demências não têm ainda cura, mas conhecem-se hoje vários fatores de risco que lhes estão associados e que podem ser minimizados se forem adotadas estratégias adequadas”, refere a Associação Alzheimer Portugal em comunicado.

Para ajudar a população a conhecer os fatores de risco modificáveis e o que podem fazer para reduzir o risco de desenvolver demência, a associação lançou esta campanha, também para assinalar o Dia Mundial da Pessoa com a Doença de Alzheimer, comemorado em 21 de setembro.

Segundo o neurologista e presidente da Comissão Científica da Alzheimer Portugal, Celso Pontes, a demência não faz parte do envelhecimento normal, podendo ser evitada ou pelo menos adiado o início dos sintomas ou a sua progressão ser de forma mais lenta, designadamente “em pessoas que fizeram mais estudos e que têm maior atividade intelectual”.

Por isso mesmo, aconselha ser importante cuidar do cérebro, desde novos e ao longo da vida.

“Conhecem-se hoje vários fatores de risco associados às demências que podem ser minimizados se forem adotadas estratégias adequadas, relacionadas com um estilo de vida saudável e com a estimulação intelectual e social”, acrescenta Catarina Alvarez, psicóloga e responsável pelas Relações Institucionais da associação.

De acordo com Celso Pontes, o número exato de pessoas com demência em Portugal ainda é desconhecido, mas os dados existentes permitem estimar que existam “cerca de 205.000 casos de demência, sendo a doença de Alzheimer cerca de 60 a 70% destes” casos.

“A incidência, para Portugal, seria de 19,9 por mil habitantes. Para uma população de dez milhões, daria cerca de 199.000, o que seria próximo do número estimado, e dá-nos uma ordem de grandeza do problema”, salienta o neurologista.

Recentes projeções publicadas pela Alzheimer Europe apontam para que, em 2050, as demências afetem perto de 350.000 pessoas em Portugal.

No país vizinho, segundo a Fundação Pascual Maragall, citada pela agência Efe, a Alzheimer é responsável por 75% das demências, um número que poderá duplicar em 2050 em Espanha se não forem encontrados tratamentos modificadores.

A demência gera custos de 24.000 euros por doente em Espanha, o que é assumido por 87% das famílias dos doentes, diz a Fundação, que calcula em 21.000 milhões de euros o custo anual da doença.

Catarina Alvarez defende a importância de aumentar a literacia dos portugueses sobre o tema e, ao mesmo tempo, levar a cabo iniciativas que contribuam para melhorar a saúde do cérebro e “contrariar as estimativas previstas referentes ao número de pessoas que desenvolverão demência nos próximos anos”.

Apesar de se falar mais sobre o tema, Catarina Alvarez alerta para o estigma, que “ainda persiste, sendo que as falsas crenças, os estereótipos e as atitudes negativas em relação à doença contribuem para adiar o diagnóstico”.

O que significa que, muitas vezes, “os primeiros sintomas podem ser desvalorizados junto dos familiares e amigos e não serem reportados numa consulta médica porque não se quer fazer parte de um grupo-alvo de exclusão e deixar de ser aceite. Além disso, o estigma gera outras consequências graves: evitação, isolamento, baixa autoestima, depressão, redução da independência e da qualidade de vida”, salienta Catarina Alvarez.

“Apesar de a demência implicar vários desafios, o importante é criar condições que facilitem não só a ocupação e o lazer, como a efetiva participação social das pessoas com demência e defesa dos seus direitos”, defende ainda.

Comente esta notícia

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização.