A IMPLANTAÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS NO DISTRITO DE BEJA NOS PÓS 25 DE ABRIL DE 1974 (I)

No texto anterior vimos os primeiros passos da implantação do PCP em Beja e no distrito, onde a cerimónia de homenagem a Catarina Eufémia, a 19 de maio de 1974, em Baleizão, desempenha um papel fundamental. No entanto, a primeira formação política  a organizar-se, embora sem ainda estrutura formal de partido, é o MDP, também conhecido pela sigla MDP / CDE (Movimento Democrático Português / Comissão Democrática Eleitoral). Esta é a estrutura política que agrupa os oposicionistas à ditadura que as eleições de 1969 tinham servido de espécie de cimento unificador.

Feito o 25 de Abril rapidamente o movimento democrático constitui comissões concelhias no distrito, as quais são responsáveis pelas eleições para as comissões administrativas de câmaras municipais e juntas de freguesia, indigitando nomes e organizando todo o processo eleitoral. Coordenando estes núcleos concelhios há uma comissão distrital que surge nas reuniões preparatórias do 1.º de Maio de 1974 e cuja primeira sede vai ser no edifício que na rua de Alcobaça acolhia a extinta Legião Portuguesa.

O PPD (Partido Popular Democrático), entretanto constituído, a 3 de maio de 1974, no seio de um setor da sociedade portuguesa onde se encontra a “Ala Liberal do Marcelismo”, e tendo como fundadores Francisco Pinto Balsemão, Francisco Sá Carneiro e Magalhães Mota, realiza a sua primeira sessão pública em Beja, a 12 de junho, na Escola Comercial e Industrial.

Na sessão presidida por António Melo Loureiro, da Comissão Executiva de Beja do PPD, encontra-se na mesa Francisco Pinto Balsemão, da Comissão Central, Joaquim Trindade, da Comissão Executiva do Sul, José Augusto Delgado, Amélia Pereira de Melo Garrido, de Beja, e José Manuel Queiroga, engenheiro agrónomo e grande proprietário agrícola, que vem a ser membro da “Comissão Provincial” da Província do Baixo Alentejo da ALA (Associação Livre de Agricultores), organização do elemento do capitalismo agrário dos campos do Sul.

No entanto, e ao contrário dos outros partidos representados no I Governo Provisório (PCP e PS)), a tarefa de implantação do PPD no Baixo Alentejo não se mostra nada fácil. Isto, no fundamental, por duas ordens de razões. Primeiro porque o partido não tem qualquer passado de luta antifascista, sendo, inclusivamente, identificado, nas pessoas dos seus fundadores, com a ordem marcelista. Em segundo lugar porque os rostos do partido no Alentejo ou são grandes proprietários agrícolas ou pessoas da sua esfera de influência.

Prova desta dificuldade de implantação fora dos meios sociais ligados à aristocracia agrária é o boicote ao comício do PPD, em Castro Verde, a 2 de julho de 1974, protagonizado por assalariados rurais desta vila.

Foto: Congresso fundador do PPD, em novembro de 1974

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