AS ELEIÇÕES DO ANO DE 1976. A CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA
AS ELEIÇÕES PARA A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA E PARA AS AUTARQUIAS LOCAIS
No seguimento das eleições para a Assembleia da República, de 25 de abril de 1976, realizam-se, a 27 de junho do mesmo ano, as eleições para a Presidência da República, as quais são ganhas pelo candidato António Ramalho Eanes, apoiado pelo PS, PSD e CDS, com 61,6% dos votos, seguido de Otelo Saraiva de Carvalho, 16,5%, apoiado pela esquerda radical, e que nesta eleição representa os ecos do processo revolucionário, José Baptista Pinheiro de Azevedo, 14,3%, e Octávio Pato, 7,6%, do PCP.
Os resultados para o concelho de Beja são substancialmente diferentes dos resultados nacionais, como se comprova pelo QUADRO I, com Otelo Saraiva de Carvalho a ser o candidato mais votado com 35,3% dos votos válidos expressos, ou seja, descontando os brancos e os nulos.
Enquanto, em termos nacionais, os candidatos à esquerda do PS representam 24,1% dos votos, no concelho de Beja a percentagem sobe para 59,7%, o que configura duas realidades no país: uma nacional e outra no Alentejo, em contraciclo com a primeira onde o peso da esquerda à esquerda do PS é significativo, situação a que não é estranho a existência, ainda, de uma reforma agrária longe da sua desarticulação motivada pela ação política dos governos constitucionais a partir de 1976.
Esta correlação de forças favorável à esquerda é ainda bem visível nos resultados das eleições para o poder local no concelho e no distrito de Beja, conforme se pode ver pela leitura do QUADRO II. Em catorze concelhos, o PCP tem nove presidências de câmara, o PS quatro e o PSD apenas uma. Quanto ao número de vereadores, o PCP tem trinta e um, o PS trinta e dois e o PSD apenas um. Portanto, hegemonia total da esquerda.