As escolhas de Luís Beco

Luis Beco, 50 anos, Coordenador Técnico no Pax Julia – Teatro Municipal de Beja desde a sua reabertura em 2005 e Diretor Técnico do estúdio de gravação - "Portal do Som" em Cuba desde 1999, através do qual tem vindo a apoiar vários projetos de música, tendo participado e editado cerca de meia centena de discos, destacando o enorme sucesso dos “Adiafa” com a moda "As Meninas da Ribeira do Sado - Estrala a Bomba" editado pela Sony Music.
Músico (baterista) desde os 13 anos, pertenceu a vários projetos de música, tendo sido co-fundador dos Grupos "Ortigões" e "Os Ana Castelo" com os quais gravou vários trabalhos, tendo em parceria com o Paco Bandeira participado nas bandas sonoras de 3 Novelas Portuguesas exibidas na RTP. Com estes projetos percorreu o País em várias digressões.
Fez ainda parte da formação do grupo Adiafa como percussionista entre 2005 e 2006.
Foi formador em sensibilização musical, bateria e técnicas de áudio durante vários anos.
Dedica há 37 anos parte da sua vida à Cultura, ao Associativismo. Foi durante doze anos Presidente do conselho fiscal, Diretor Musical e Sonoplasta na Companhia de Teatro "Arte Pública” (entre 1996 e 2007) e Cofundador e Presidente da "ADMC" - Associação para o Desenvolvimento Musical e Cultural de Cuba (entre 1996 e 2000).
Profissionalmente, fez também uma breve passagem pela Aeronáutica tendo exercido as funções de técnico de estruturas de aeronaves nas OGMA - Oficinas Gerais de Material Aeronáutico em Alverca, entre 1992 e 1994, após conclusão da formação em mecânica aeronáutica.
Mas o “chamamento pela terra” onde nasceu foi mais forte e decidiu voltar à sua terra para apostar tudo no seu sonho, a Música, a Cultura e a paixão pelo áudio que mais tarde o trouxe ao nosso Pax Julia - Teatro Municipal de Beja.

É um defensor da região Baixo Alentejo e gosta de vestir a camisola e arregaçar as mangas pelas verdadeiras causas e princípios, a liberdade e a democracia.

Teima em acreditar nas pessoas mas desconfia sempre do corporativismo.

Acredita que o mundo podia ser um lugar muito melhor se as pessoas conhecessem a verdadeira importância da música nas suas vidas e a escutassem com o coração ao invés dos ouvidos.

Considera que a música é a linguagem universal e um veículo poderoso para entendimentos, pois independentemente da nacionalidade ou língua de um músico, o mesmo pode comunicar através da música com qualquer outro e assim entenderem-se na perfeição.

Concluindo tal como disse Hans Christian Andersen “Onde as palavras falham a música fala”, acrescentando que precisamos de menos palavras e de uma melhor banda sonora para harmonizar as nossas vidas.
Em discurso direto Luís Beco conta-nos da sua ligação com a música.

É um ouvinte regular de música?

A minha vida é a música, mesmo enquanto durmo…

São muitas as vezes em que dou por mim deitado a fazer “paradiddles ” (ainda um vicio dos rudimentos dos bateristas, que não perdi).

O meu trabalho obriga-me a estar sempre de ouvido atento e à escuta, quer para misturar os sons dos projetos musicais ao vivo, quer a produzi-los durante horas intermináveis em estúdio. Quando podia descansar os ouvidos, ainda procuro reforçar a sua educação, analisando minuciosamente as misturas áudio de outros projetos musicais e experimentando técnicas de aperfeiçoamento de mistura e masterização de áudio.

Talvez por defeito de profissão, não consigo ser um “mero ouvinte”, não consigo por exemplo decorar a letra de uma música, pois os meus ouvidos estão treinados para procurar o timbre, a afinação, o equilíbrio dos volumes entre os vários instrumentos na mistura das músicas, bem como a ocupação do seu espaço panorâmico na mistura de áudio, ou então estão a analisar os compassos, os BPM (Beats per Minute), as harmonias e as alterações do estado de espírito que as mesmas provocam em nós. Enfim, tenho uns ouvidos que me cansam muito o cérebro, só não me provocam Síndrome de Burnout talvez por ter a sorte de fazer o que gosto.

Que papel tem a música na sua vida?

Posso afirmar que a música mudou a minha vida, primeiro ainda muito novo por volta dos 11 ou 12 anos, quando decidi construir uma guitarra e depois uma bateria para acompanhar as músicas que passavam quer na radio quer na televisão. Pouco tempo depois decidi começar a desmontar os rádios velhos para fazer amplificadores para os instrumentos musicais. Tudo isto, já tão cedo, tinha um propósito, poder formar com os amigos um grupo de música, o que naturalmente acabou por acontecer.

Mais tarde a oportunidade de gravar um disco nos estúdios do Paco Bandeira, e integrar a banda sonora numa novela portuguesa da RTP, foi o clik para apresentar a minha demissão como mecânico aeronáutico nas OGMA para correr profissionalmente atrás de um sonho, a utopia de ser músico a tempo inteiro. Tudo isto em 1994.

Que plataforma/suporte utiliza para audição?

Gosto de conduzir com o rádio ligado, aliás está sempre ligado;

No trabalho só uso o suporte CD quer para passar música quer para equalizar o som, pois é o suporte que melhor preserva a mostragem do áudio.

Em casa procuro sempre que possível relaxar ou desempenhar as tarefas mais domésticas, tirando aleatoriamente um CD da enorme coleção discográfica que tenho e que conta ainda com algumas dezenas de CDs por ouvir… Gosto também de abrir o youtube na televisão e deixar os clipes da atualidade a rodar.

Uso o spotify para procurar as novidades musicais.

Em que situação é que habitualmente ouve música?

Acho que a música está sempre presente em todos os momentos do meu dia-a-dia, a conduzir, a trabalhar, para relaxar, ou até na execução das tarefas domésticas, só excluo a música quando vou correr pois neste momento gosto de escutar os sons da natureza, o que também é música para os meus ouvidos.

Vai habitualmente a concertos ao vivo?

Sou um sortudo pois “vivo” numa grande sala de espetáculos, o nosso Pax Julia, que oferece uma imensa e diversificada oferta cultural à nossa cidade, sendo raros os dias que passo sem este alimento, que são para mim os espetáculos e o contacto com a música, assim inverto o sentido da pergunta respondendo que de vez em quando faço uma pausa nas idas aos concertos ao vivo.

Se tivesse que escolher um cantor/a ou banda preferida qual seria?

Não tenho um cantor ou cantora preferido. São tantos! Por isso vou escolher um marcante na minha vida e que muito me ensinou, quer como músico, quer como cantor, ou mesmo como pessoa, o saudoso Chico Baião dos Ortigões, um artista em toda a sua plenitude, um cantautor muito à frente do seu tempo. Foi um enorme privilégio partilhar tantos momentos na minha carreira musical e experiência de vida com este grande amigo que infelizmente partiu cedo de mais e muita falta ficou a fazer ao panorama musical local e nacional, mas ficou o seu espólio musical e as inúmeras memórias juntos.

E um tema?

With or Without you - U2

Convidado a fazer para os seguidores do O Atual uma playlist, Luís Beco elege artistas da região referindo que poderiam ser outros, mas não seria a mesma coisa…

O que eu ando a ouvir

Roubei-te Um Beijo feat. António Zambujo
Buba Espinho
Roubei-te Um Beijo feat. António Zambujo
Buba Espinho
Vira o Frango
Jorge Benvinda
Vira o Frango
Jorge Benvinda
Mãe
Fernando Pardal
Mãe
Fernando Pardal
Perdi o teu endereço
Paulo Ribeiro
Perdi o teu endereço
Paulo Ribeiro
Anjo ou Diabo
Anonimato
Anjo ou Diabo
Anonimato
Bluesão Alentejano
Adiafa
Bluesão Alentejano
Adiafa
Vai de Volta Passarinho
Fanfarra Alfares
Vai de Volta Passarinho
Fanfarra Alfares
Kumole
Paulo Colaço
Kumole
Paulo Colaço
Pés Quentes
Ortigões
Pés Quentes
Ortigões
Era Uma Vez
Os Ana Castelo
Era Uma Vez
Os Ana Castelo
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