As escolhas de Márcio Guerra
Este moço gosta de se pôr a jeito.
Ou por outras palavras “está sempre à procura de sarna para se coçar”.
Desinquieto por natureza, Márcio Guerra, 41 anos, Técnico Superior de Animação Sociocultural na Cáritas Diocesana de Beja, é um alfacinha de nascimento mas alentejano de coração.
O estado normal é encontrar o Márcio sempre ligado à vida comunitária, envolvendo-se em vários projetos e causas (em simultâneo) sejam elas de âmbito cultural, desportivo ou sociais.
Por circunstâncias da vida familiar veio morar para a freguesia de Cabeça
Gorda do concelho de Beja com 15 anos, apesar da sua ligação umbilical a Moura,
freguesia de Amareleja e a Mértola, freguesia de Alcaria Ruiva.
Foi em Beja que fez a sua adolescência e progresso no ensino, tendo concluído a licenciatura em Animação Sociocultural e a pós graduação em Desenvolvimento Comunitário e Empreendedorismo do Instituto Politécnico de Beja.
Dirigente associativo da Associação de Estudantes do liceu Diogo de Gouveia em 1997, participou em 2004 na constituição da Associação de Jovens Carpe Diem na Aldeia, integrou os órgãos diretivos da Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação de Beja entre 2004 e 2008, tendo sido representante dos alunos do Instituto Politécnico de Beja no Conselho Permanente e Geral da instituição entre 2007 e 2008.
Em 2014 participou na constituição do Grupo Coral Moços da Aldêa da freguesia de Cabeça Gorda, tendo sido eleito na Junta de Freguesia de Cabeça Gorda entre 2009 e 2017, assumindo desde 2016 os órgãos diretivos da Associação para a competitividade "Alentejo de Excelência".
Mentor e principal dinamizador do Silarca – Festival do Cogumelo da Cabeça
Gorda, Márcio Guerra assume uma enorme paixão por este recurso endógeno da
região.
Atualmente trabalha na Comunidade de Inserção da Cáritas Diocesana de Beja,
assumindo igualmente a gestão de comunicação e a coordenação do Serviço de
Empregabilidade/Incorpora.
Apaixonado por pessoas e focado em encontrar soluções para os desafios do território na vertente social e de empreendedorismo, a sua alcunha de Guerra vem dos tempos em que integrava o plantel de futebol 11 do Salvadense, clube de futebol do rival Ferrobico.
E porque a música se cruza com muitos dos projetos onde já esteve, ou
continua envolvido, vamos lá então conhecer os gostos e as propostas musicais de
Márcio Guerra na primeira pessoa.
É um ouvinte regular de música?
Considero que sim, tal como os livros a música também nos permite “viajar sem sair do lugar” em que nos encontramos, e “viajar” musicalmente falando, é muito bom.
Que papel tem a música na sua vida?
Eu diria nas nossas vidas, uma vez que é curioso olhar para diferentes momentos da história da humanidade e ver como o homem através do conhecimento adquirido a transformou ao longo do tempo, desde a Idade Média passando pelo período do Renascimento, Barroco, Clássico, Romântico, até ao Século XXI, influenciando gerações e moldando-a com diferentes estilos até ao que conhecemos hoje.
No meu caso particular diria que sinto a música como um “gatilho de emoções” uma vez que quando ouço uma música em particular, a mesma traz-me de volta uma memória especial e com ela uma emoção associada de felicidade, tranquilidade, animada ou saudosista, dependendo do contexto em que a ouço.
A par desta componente emocional a música também desempenhou um papel importante na minha forma de ver o mundo e a sociedade. O seu papel educador e consciencializador para os problemas e desafios que atravessamos, cedo me despertou para as desigualdades e assimetrias que temos enquanto sociedade. Muitas vezes é através da música que somos inspirados a agir. Esse é o poder transformador que sinto na música.
Que plataforma ou suporte utiliza para ouvir música?
Ao longo destes meus 41 anos de idade, olho para trás e com algum saudosismo vejo que a cassete e o vinil já não integram esta nova forma de ouvir música. Atualmente dependo muito das plataformas digitais, utilizando sobretudo o Itunes, Spotify, CD, Pen, e Youtube para poder aceder aos diferentes conteúdos que procuro.
Em que situação é que habitualmente ouve música?
Em todos os momentos referidos, mas com menos frequência no trabalho, a não ser que esteja nalguma tarefa mais individual. Sempre que posso procuro ouvir com regularidade durante a minha atividade física, quando viajo e em casa.
Vai habitualmente a concertos ao vivo?
Sim, foram e são muitos anos a frequentar espaços de cultura e de música ao vivo, em conceitos tão díspares como, festivais musicais de massas ou concertos mais intimistas, dependendo muito do contexto e do momento.
Se tivesse que escolher um cantor/a ou banda preferida qual seria?
Mais difícil responder a esta pergunta, pois não considero que tenho um cantor ou banda preferida, talvez pelo gosto eclético e porque nos diferentes momentos tive preferências tão distintas. Mas se a pergunta fosse, qual o artista que tenho sempre na minha playlist atualmente, diria que de forma recorrente estou a ouvir Hans Zimmer por considerar que é um artista à frente do espírito do tempo (zeitgeist) e que faz algo novo que as pessoas não conseguem ainda sentir.
E um tema?
O tema “Time” que Hans Zimmer compôs e faz parte da trilha sonora do filme “Inception”, que conta com a participação de Johnny Marr, antigo guitarrista da banda The Smiths, também ele resultado da leitura de Gödel, Escher, Bach: An Eternal Golden Braid, de Douglas Hofstadter é o meu preferido a par de tantas outras músicas de cinema que compôs.
E porque o fim de semana está mesmo aí à porta, aceite as sugestões do Márcio Guerra na playlist que fez para os seguidores do “O Atual”.