As escolhas de Paulo Colaço
Habituámo-nos a vê-lo com a sua Viola Campaniça como se esta fosse uma extensão do seu próprio corpo.
A Moda Faca ou Kumole são apenas momentos lúdicos de uma carreira mais séria em defesa da música tradicional do Alentejo.
Hoje, está no “A Gostar de Ouvir…” Paulo Colaço.
Apresentamos o Paulo Colaço à boleia de um dos mais interessantes projetos de divulgação da música tradicional portuguesa, o projeto “A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria”, coordenado pelo Tiago Pereira.
Paulo Colaço, é natural de Beja, iniciou-se na música com seis anos de idade, com o padre António Cartageno. Estudou Guitarra no Conservatório do Baixo Alentejo, no Conservatório de Évora e na escola de Jazz do Hot Club Portugal.
Participou em vários “workshops” internacionais, dos quais se destacam a Academia da Remsheid (Alemanha), em 1990, com o Prof. Werner Engler, e em 1992 na fundação Caloust Gullbenkien, com o Prof. Frank Kölges.
Colabora como compositor/arranjador em vários projetos da Companhia de Dança de Setúbal (CeDeCe) entre os quais o “Quatro Ideias para três cores”, vencedor do prémio jovens criadores de 1993. Passou por várias formações e estilos, desde o blues (Weekend Blues Band) à música popular brasileira, passando pelos originais onde compõe temas no Grupo "Os Ana Castelo", com quem grava o seu Primeiro CD, em 1997.
Descendente de uma família rural de Castro Verde/Almodôvar, muito cedo se familiariza com o cante tradicional, mas só mais tarde se dedica ao seu estudo. Em 1998 conhece a Viola Campaniça e, desde então, dedica-se ao estudo da viola do Alentejo, instrumento em torno do qual cria o Grupo Adiafa, com o qual conquista um disco de platina e várias semanas no Top nacional.
Em 2006 forma o Grupo AL-Bravia, com o algarvio João Frade (acordeão) e o brasileiro Rico Lima (viola Caipira), grupo que interpreta fusão de música Alentejana, Brasileira e algarvia. No mesmo ano inicia o grupo Os Tocadores e o Modas à (Moda) Campaniça.
Ensinou viola Campaniça na Esc. Sec. de Castro Verde, de 2006 a 2011, e ensaiou os grupos corais e etnográficos: “Os Carapinhas” (Castro Verde), “As Ceifeiras” (Entradas) e “As Camponesas” (Castro Verde). Em 2012 passou a ensaiar semanalmente o grupo coral infantil os Mocinhos em Cante (Beja).
Faz parte do Grupo Vozes da Cal, criado em 2014, projecto que envolve os contos orais e a música de imaginário mediterrânico (luso-árabe).
É professor de cante Alentejano no Agrupamento Nº2 de Beja, no âmbito do Projeto Herança com Raízes-cante na escola.
É um ouvinte regular de música, mas só ouve música em casa ou em trabalho, já que no carro ou em ambiente social a música só passa e faz companhia.
Não vai tanto como queria a concertos porque acaba por estar mais vezes em palco.
Quando lhe pedimos que nos revele um músico ou banda preferida diz que fica muito orgulhoso por nomear alguém da nossa cidade. António Zambujo.
A Pedra Filosofal, poema de António Gedeão com música de Manuel Freire, é para Paulo Colaço o tema de eleição por considerar que, quer a música, quer o poema, lhe abriu o caminho.
Não consegue apontar um só músico como referência, por serem muitos, “culpando” o pai, pois foi ele que ao longo do tempo lhe ensinou a ouvir de tudo, e a interiorizar a multiplicidade das artes. Para Paulo Colaço não há uma música perfeita, há um momento perfeito para ouvir uma música.