O Arquivo Distrital de Beja disponibiliza assento de batismo de Palmira da Graça realizado no dia 15 de agosto de 1883 na Paróquia de Baleizão e que se encontra disponível para visualização em https://digitarq.adbja.arquivos.pt/viewer?id=1043179

Palmira da Graça tratou-se de uma camponesa assassinada pela GNR na Estação de Baleizão em 19 de Junho de 1917, na sequência de uma revolta popular para conseguir géneros alimentares.

A escassez de produtos, a falta de trabalho e a fome deram origem a um clima de grande agitação social no País, com sucessivas greves, durante a I Grande Guerra.

Em Junho de 1917, os habitantes da aldeia de Baleizão, no concelho de Beja, tiveram conhecimento de que se encontravam na estação ferroviária muitos sacos de farinha, a fim de serem transportados para Palmela.

Na época a passarem por grandes dificuldades económicas e alguns sem trabalho, dirigiram-se à gare da estação, situada a cerca de 3 Km a sudoeste da aldeia, e trouxeram 93 sacos de farinha. Os camponeses voltaram depois, já armados conforme puderam e em maior número, para transportar os restantes sacos. Foram então recebidos a tiro por 15 soldados da recém-criada GNR que faziam guarda aos silos de cereais junto da estação.

Em consequência desta ação prepotente das forças da GNR, foi assassinada a trabalhadora Palmira da Graça, de 35 anos,e ficaram feridos Gertrudes Balbina, de 20 anos, Joaquim Charoco, de 38 anos, e Maria da Graça, viúva.

Apesar do sangue derramado, os trabalhadores rurais levaram os 93 sacos de farinha para a Junta de Paróquia de Baleizão, e exigiram que fosse vendida ao quilo, pelo valor de 12 centavos/Kg, que era o preço estabelecido oficialmente.

A notícia desta tragédia social e humana, ocorrida junto da estação de caminho-de-ferro de Baleizão, foi tornada pública quatro dias depois, pelo jornal “O Porvir”, de 23 de junho de 1917.

CRÉDITOS DE IMAGEM

Título: Assento de batismo de Palmira da Graça

Cota: BJA02/001/liv.0039/cx.0149

Código de referência: PT-ADBJA-PRQ-BJA02-001-B039_m0039

Direção: Anita Tinoco

Colaboração: Manuel Pereira