Contradições em Novembro
Há dois dias tocou-me cumprir algo mais que sessenta, idade em que, humanamente, o tempo anda devagar para quem vê a jubilação no horizonte e depressa, muito depressa, corre aos que ambicionam usar mais a vida, muitas vezes os mesmos. Contradições de gente, de estar vivo.
Como incongruente é opor-se à evocação do 25 de Novembro, em nome da democracia e liberdade. Como paradoxal é pensar um resultado eleitoral na primeira das democracias do mundo, como o fim da mesma, só porque não se gosta da criatura vencedora. Para contradições de Novembro já estamos bem, humanamente bem. Nada é mais humano que a contradição. A falta de consciência da incongruência leva-nos a certezas baseadas nela. A convicção, a certeza, é característica do psicótico, do delirante, ou seja, do humano também.
Um delírio exemplificado nalgumas “celebridades” mundiais ou locais, com uma vida boa, belíssima, de luxo até, ou de acesso a algum poder de comunicação, interessadas em influenciar, preocupar-se, guiar quem não pode mais que sonhar com vidas assim. Dizendo acreditar na causa da redistribuição dos rendimentos e da igualdade de oportunidades e até pagando bastante de impostos, o que lhes sossega o miocárdio e resgata a clausula de consciência, enquanto de afastam da realidade dos comuns e pretendidos liderados.
Incongruências a alimentar-nos a existência. Ou na integra assumidas, ou convictamente negadas, apesar de todos os pesares.
Pensar o Homem bom e a sociedade má, é desmentido pelo encontrar da sociedade boa de homens maus . Contradições.