Opinião Atual

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O maior perigo e desafio que enfrentamos nos dias de hoje: é o enfraquecimento da nossa democracia.

A violência que marcou a última semana, desde os protestos desencadeados pela morte de Odair Moniz no bairro do Zambujal, ao crescente discurso de ódio, vindo de deputados com representação parlamentar como é o caso do Chega, é um reflexo de uma crescente polarização que a direita radical se dedica a alimentar.

A extrema-direita radicaliza, polariza, estimula o ódio, instrumentaliza as emoções mais primárias. Nestes dias que passam, percebemos claramente como é a extrema-direita, como pensa, como age, de que lado está da democracia.

Nada disto é novo se pensarmos nos exemplos da nossa história.

Qual o papel de cada um e de cada uma de nós?

Podemos ter um papel?

Os e as democratas não podem cair na armadilha de alimentarem a radicalização, o discurso do, eles e nós, que faz com que as pessoas tenham cada vez mais dificuldade em distinguir, uns dos outros. Não podemos cair no risco de normalizar este discurso, estaremos a provocar a queda da confiança das pessoas nas instituições e no normal funcionamento dos processos políticos, estaremos a enfraquecer a democracia.

O desafio já está nas nossas casas, no café, nas Assembleias, o desafio já está nas ruas e vai estar em força nas autárquicas, no território do baixo Alentejo.

E nós não podemos ter dúvidas sobre em que lado da história estamos, é preciso que todos, os e as democratas tenham a autoconfiança necessária para perceber que a defesa dos direitos humanos, da democracia e do estado de direito importam.

É preciso afirmar bem alto que defender estes valores é preservar a democracia, é preciso defender a democracia, de forma intransigente. Que não nos desviemos um milímetro dos valores basilares: justiça social, igualdade, acesso universal a direitos fundamentais, solidariedade, cooperando e protegendo os mais vulneráveis, equilíbrio entre o desenvolvimento económico e a inclusão social, a liberdade individual e coletiva e uma democracia participativa.

A democracia é o maior legado que uma geração nos deixou e nós temos de a defender com determinação. A democracia começa dentro da nossa casa, no exemplo que passamos, e com essa força espalhar a força que a tolerância, a justiça e o respeito têm nas relações entre homens e mulheres. Nada pode ser mais forte que a nossa humanidade, empatia e o sentido que devemos estar sempre uns para os outros.

O nosso papel para defender a democracia pode passar pela participação cívica, porque ela é a essência da democracia.

Cada voz, cada ação e cada voto tem o poder de moldar o futuro da nossa comunidade, do nosso país, e até do mundo. Participar ativamente na vida cívica é um ato de responsabilidade e um compromisso com o bem comum. É através da nossa participação que podemos expressar as nossas ideias, defender os nossos valores e trabalhar para construir uma sociedade mais justa e inclusiva.

Quando nos envolvemos, mostramos que nos importamos. Seja através do voto, da participação em fóruns de discussão, do voluntariado em causas sociais ou do simples apoio os nossos vizinhos, cada gesto conta. A participação cívica e política, não é apenas um direito, é um dever que todos/as temos para com as gerações futuras. É a nossa oportunidade de deixar uma marca positiva, de sermos agentes de mudança.

Foi através da união de muitas vozes que se conquistaram direitos, se superaram injustiças e se criaram oportunidades para todos e todas.

Envolvendo-nos, adquirimos novas perspectivas, entendemos melhor os desafios da nossa comunidade e ganhamos a capacidade de encontrar soluções conjuntas. A participação cívica fortalece a nossa democracia e reforça os laços que nos unem como sociedade.

Importem-se! Criem empatia com o vosso lugar, as vossas pessoas! Participem de forma colaborativa! Envolvam-se e envolvam!

A manifestação deste fim de semana convocada pelo Movimento Vida Justa, nascido nos bairros periféricos de Lisboa, pôs no sítio certo as reivindicações que nada têm da polarização em que foi tornada esta discussão. Não podemos estar só a falar de segurança e sobre a atuação das forças de segurança, temos de ser capazes de escutar esta participação cidadã que veio falar de melhores condições de vida, de ter voz, de coesão social, de harmonia e inclusão social.

A participação e a democracia são isto mesmo e por isso a participação conta, para que todos os lados da historia apareçam, sejam escutados, tenham importância e as decisões e ações não sejam pela polarização e sim pela moderação, onde encontramos a democracia.

 


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