Foram conturbados, na Diocese de Beja, os dias que se sucederam ao derrube da monarquia. Segundo Francisco Senra Coelho, atual Arcebispo de Évora e doutorado em História, os tumultos levaram à fuga da diocese do bispo de então.

Em visita pastoral a diversas freguesias do concelho de Moura e Barrancos, de 28 de setembro a 5 de outubro de 1910, D. Sebastião Leite de Vasconcelos, bispo de Beja, foi avisado da proclamação da República.

Na ocasião o Bispo foi informado que o Governo Civil Monárquico e o Governo Civil Republicano “não garantiam a segurança da sua vida e dos seus bens”. Aconselharam-no a retirar-se para a fronteira de Espanha.

Depois de se refugiar no Seminário de Sevilha, o prelado comunicou – após 5 dias – ao Ministro da Justiça, Afonso Costa, que se tinha ausentado da sua diocese para “tomar algum descanso”.

Em portaria de 21 de outubro desse ano, o Governo “negou ao bispo de Beja o direito de se ausentar da sua diocese” sem prévia licença do poder civil e que “só este lhe poderia reconhecer o direito da escolha do governador do bispado (Mons. Luis Augusto da Costa) devido a esta infração o bispo de Beja foi suspenso de todas as funções e declaradas nulas as suas nomeações” – frisou o historiador.

Um mês depois, o responsável pela Nunciatura de Lisboa, Mons. Aloisi Masella, informou um responsável da Santa Sé que Afonso Costa escreveu ao Arcebispo de Évora, D. Eduardo Nunes, a convidá-lo como metropolita – Beja não tem cabido – a nomear um sacerdote para governador da diocese de Beja.

Nesta troca de correspondência entre elementos dos Governo e da Igreja (Portuguesa e da Santa Sé) tenta-se solucionar o problema porque ao “Governo não competia demitir o bispo de Beja” e “a diocese não estava vacante” – realçou o orador.

Enquanto duraram as presentes circunstâncias, o Papa Pio X nomeou, provisoriamente, “a administração de Beja ao Arcebispo de Évora”.

A Santa Sé recomendava também para que desse a “conhecer ao Governo Português esta decisão do Papa”.


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