“Não há qualquer critério que tenha sido posto em cima da mesa sobre o encerramento do Serviço de Urgência (SU)”, pelo que “irá manter-se e, eventualmente, até alargar a sua atividade”, afirmou o presidente da ARS do Alentejo, José Robalo, durante uma audição na Comissão de Saúde.

O responsável foi ouvido na Assembleia da República, a pedido de PCP e BE, sobre o processo de atribuição da gestão do SU do Hospital de São Paulo, em Serpa, no distrito de Beja, à Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS) e a situação desta unidade hospitalar.

Durante a audição, o deputado do PCP eleito por Beja, João Dias, considerou que “tem havido uma grande dificuldade por parte da SCMS para cumprir o acordo” com a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) para a gestão do hospital e considerou que se tem “assistido a uma degradação do serviço”.

Já o parlamentar do BE Moisés Ferreira, que lamentou, no início, a ausência de responsáveis da Misericórdia de Serpa na audição, referiu que “a concessão da gestão do hospital gerou, desde muito cedo, muitos problemas” e disse que, “em 2017, a própria SCMS ameaçou acabar com o SU e denunciar o contrato”.

Os dois parlamentares criticaram o funcionamento noturno da Urgência do hospital de Serpa com a porta fechada, o que obriga a que os utentes tenham que tocar a uma campainha para serem atendidos, tendo o comunista João Dias realçado também o fecho temporário deste serviço, durante uma semana, em fevereiro.

Na resposta, o presidente da ARS do Alentejo explicou que o encerramento temporário da Urgência da unidade hospitalar deveu-se à existência de um surto de covid-19 numa valência da Misericórdia de Serpa, vincando que os profissionais “muitas vezes” circulam pelos vários serviços.

José Robalo disse que não teve conhecimento prévio do fecho temporário da Urgência e que, quando soube do mesmo, a ULSBA ainda tentou “fornecer recursos” humanos para tentar evitar o fecho do serviço, o que não chegou a ser necessário, porque conseguiu-se resolver o problema nessa semana.

Sobre o funcionamento noturno com a porta fechada, o responsável assinalou que “é residual” o número de utentes que recorre ao serviço no período entre as 00:00 e as 08:00, mas frisou que “não será um problema reforçar junto da unidade que há necessidade de se manter a porta da Urgência aberta”.

Apesar de “as pessoas terem de carregar na campainha para que lhes abram a porta”, os médicos e enfermeiros “continuam a estar na unidade, de forma a garantirem a prestação de cuidados de saúde durante 24 horas”, sublinhou.

O presidente da ARS do Alentejo notou que a cooperação entre a SCMS e a ULSBA “pode ser sustentável”, embora tenha admitido que “ainda falta” percorrer “algum caminho para se consolidar uma resposta mais assertiva por parte da Misericórdia”.

“Fez-se, inicialmente, uma avaliação do custo/benefício e esse estudo permitiu verificar que havia vantagens para a utilização deste acordo. Está a funcionar, não está a funcionar como nós gostaríamos que estivesse”, observou.

Robalo indicou que o bloco operatório que está a ser construído “pode alavancar” a resposta dada pelo hospital na sua área de influência, sobretudo na margem esquerda do Guadiana, porque “às especialidades está sempre associada a necessidade de uma resposta cirúrgica”.

“Há mais desenvolvimentos a fazer na atividade e, quando tudo aquilo que está no acordo estiver em funcionamento, vamos ter melhores respostas para as pessoas”, vincou.

Questionado pelo deputado do PSD Álvaro Almeida, o responsável da ARS explicou que “a faturação é feita com base na produção” e que “só depois de a ULSBA verificar o trabalho efetuado é que o pagamento se faz”, pelo que “a fatura é feita no final de cada mês”.

Segundo o presidente da ARS do Alentejo, o hospital de Serpa fez, em 2020, “cerca de 9.000 atendimentos de Urgência e 356 consultas”, além dos exames e meios complementares de diagnóstico.

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