De acordo com o Património Cultural, já começou o período de consulta pública para a inscrição do sistema Braille no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, num processo submetido pelo Centro Português de Tiflologia Equidade e Inclusão (CPTEI).

Na fundamentação do pedido de inscrição, o CPTEI afirma que atualmente o Braille “enfrenta alguns riscos”, nomeadamente com a “progressiva desmaterialização dos meios de comunicação e de leitura”, com o recurso ao digital e “a voz sintética” entre pessoas cegas.

“Muitos alunos e profissionais recorrem unicamente à voz sintética para interagirem com os seus computadores, entrando num ciclo de degradação da sua ortografia”, alerta aquele organismo.

O Centro Português de Tiflologia lamenta ainda a falta de ações de sensibilização e de formação “estruturadas e consistentes” que expliquem “a verdadeira importância - e unicidade - do Braille”; e defende “a dinamização da impressão Braille, quer nas escolas quer em centros de divulgação de cultura”.

“Estamos bem cientes de que, por razões inquestionavelmente óbvias, o Braille é vitalmente indispensável à educação e formação” das pessoas cegas, justifica o CPTEI.

Na documentação disponível no site do Património Cultural, aquele centro português revela que continua à procura de financiamento para fazer um “levantamento nacional sobre o número de leitores de Braille em Portugal”.

Os primeiros livros em Braille chegaram a Portugal em 1884, “mandados vir de Paris pelo poeta e pedagogo João de Deus, o qual fora o primeiro professor de cegos” no país.

Segundo o CPTEI, atualmente, existem 25.000 títulos em língua portuguesa disponíveis em Braille, incluindo livros, revistas e jornais.

O Braille é “uma escrita em relevo, universalmente reconhecida como modo de acesso preferencial das pessoas cegas à escrita e à leitura”, composta por “uma matriz de seis pontos, em duas colunas e três linhas, de dimensões adaptáveis à polpa do dedo humano”.

O CPTEI é uma associação científica sediada em Castelo de Vide (Portalegre), que tem como objetivo “estudar, desenvolver, validar e aplicar teorias e boas práticas reabilitativas em equidade” para pessoas cegas.

A consulta pública, cuja abertura foi publicada em Diário da República, está em vigor por trinta dias.

"O Património Cultural IP decide sobre o pedido de inventariação da manifestação 'Aprendizagem e uso do Braille' no prazo de 120 dias após a conclusão do período da presente consulta pública", indica o anúncio em Diário da República.

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