Em declarações à agência Lusa, o diretor executivo da Portugal Nuts, António Saraiva, revelou que “há pomares instalados que, quando atingirem a maturidade”, vão fazer chegar a produção nacional “a 30.000 ou a 35.000 toneladas”.

Estes valores, assinalou o responsável, comparam com as 20.000 toneladas estimadas para este ano.

O aumento da produção será “um processo gradual”, pois as amendoeiras “vão produzindo um pouco mais até atingir o pico”, realçou, apontando que, “se os pressupostos se mantiverem”, a produção poderá atingir tais níveis dentro de cinco anos.

Segundo o diretor executivo da Portugal Nuts, que falava a propósito do balanço da campanha de frutos secos, o grande contributo para a subida da produção será dado pelos produtores do sul do país.

António Saraiva disse que os agricultores estão a apostar neste tipo de cultura “pelo preço e rentabilidade” que esta envolve e também pelas condições de que o país dispõe, nomeadamente pela disponibilidade de terra e de água e pelo clima.

“E é também a possibilidade de produzirmos ao lado de um mercado importante, que é Espanha, um dos maiores importadores de amêndoa do mundo e que tem uma indústria muito grande”, destacou.

Assinalando que os Estados Unidos (EUA) produzem quase 77% da amêndoa no mundo, o responsável salientou que Portugal já se faz notar nesta fileira, com uma quota de “1% da produção mundial” deste fruto seco.

“Mas vamos multiplicar” a produção, disse, antecipando que será possível “chegar a 4% ou 5% da produção mundial” e ultrapassar, dentro de cinco anos, a Itália ou a Turquia, que são, respetivamente, o quarto e quinto maiores produtores, depois de EUA, Austrália e Espanha.

O diretor executivo da Portugal Nuts frisou que a amêndoa produzida em Portugal é diferenciada e notou que o setor português “é mais eficiente e sustentável na utilização dos fatores de produção” do que, por exemplo, o dos EUA.

“Os europeus que importam querem canalizá-la [a amêndoa produzida nos EUA] mais para a indústria alimentar, bolos e ‘snacks’ e a nossa para consumo em fresco, porque tem características melhores e algumas variedades têm um tamanho bastante grande e são mais saborosas”, sublinhou.

O aumento previsível da produção vai implicar “o aparecimento de uma indústria” no país dedicada ao descasque e aos derivados da amêndoa, vaticinou.

“Esta quantidade que é produzida no país deve ser processada localmente e não ser transportada com casca para fábricas em Espanha para então ser processada. É natural que, atrás da produção, comece a haver mais indústria”, sublinhou.

O balanço da campanha dos frutos secos está hoje a ser efetuado em Borba, no distrito de Évora, no Pavilhão de Eventos do Parque de Feiras e Exposições local, numa organização conjunta da Portugal Nuts – Associação de Promoção de Frutos Secos, Centro Nacional de Competências de Frutos Secos (CNCFS) e Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN).


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