Autarca de Beja contesta ‘travão’ no desconfinamento e pede explicações à DGS
O presidente da Câmara de Beja contestou a inclusão do seu município no conjunto de sete concelhos que não avançam para a próxima fase de desconfinamento e pediu explicações à Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre essa decisão.
Foto: Justino Engana
Em declarações à agência Lusa, Paulo Arsénio considerou que “não faz o menor sentido” travar o desconfinamento naquele município do Baixo Alentejo e refutou a taxa de incidência acima de mais de 120 casos de covid-19 por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias que lhe foi atribuída.
“A DGS devia explicar onde é que foi buscar este número que, de facto, vai muito para além dos novos casos [de covid-19] que foram comunicados à Câmara Municipal de Beja nos últimos 14 dias”, exigiu Paulo Arsénio.
Segundo os cálculos do autarca, Beja teve uma incidência de “101 casos por 100 mil habitantes” entre os dias 01 e 14 de abril, pelo que existe “a perceção clara” de que, “do ponto de vista matemático”, o concelho está abaixo do limite de 120 casos por 100 mil habitantes.
“Mas há mais: não temos ninguém de Beja internado no hospital neste momento e não temos nenhum surto no concelho, onde existem apenas 24 casos ativos. As cadeias epidemiológicas estão todas identificadas. Não faz sentido [excluir o concelho da próxima fase de desconfinamento]”, insistiu Paulo Arsénio.
Ainda assim, o autarca congratulou-se pelo regresso do ensino presencial para os alunos do secundário e universitário, para que não fiquem “ainda mais prejudicados do que foram nos últimos três meses”, mas lembrou que outros setores como “a cultura, a restauração e a hotelaria” vão continuar a sofrer “de uma forma completamente injusta”.
Beja é um dos sete concelhos não vão passar à fase seguinte do desconfinamento, que se inicia na próxima segunda-feira, por terem "duas avaliações sucessivas em situação de risco", com mais de 120 casos por 100 mil habitantes, mantendo as restrições atualmente em vigor, anunciou hoje o primeiro-ministro.
"Isto significa que nestes concelhos vamos ter de continuar, como temos feito até agora, a testar cada vez mais, identificar os casos positivos, estabelecer as cadeias de transmissão, isolar o conjunto das pessoas que estiveram em contacto com os casos positivos, de forma a, o mais rapidamente possível, podermos conter a pandemia nestes concelhos e [para] que eles possam juntar-se àquilo que é a regra no conjunto do país, [onde] felizmente a pandemia está controlada e, por isso, podemos seguir em frente", disse António Costa.