Autarca de Castro Verde diz que venda da mina de Neves-Corvo é “processo normal”
O presidente da Câmara de Castro Verde, António José Brito, considerou hoje que a venda da mina de Neves-Corvo à sueca Boliden é “um processo normal”, esperando que os novos proprietários possam “fortalecer a empresa” e “a sua produtividade”.
“Julgamos ser um processo normal, num mundo globalizado, onde as empresas avaliam em cada momento o seu quadro de funcionamento e as suas oportunidades, e não creio que devamos diabolizar esta situação”, disse à agência Lusa o autarca alentejano.
António José Brito (PS) falava depois de a multinacional sueco-canadiana Lundin Mining ter anunciado a venda da Somincor, concessionária da mina de Neves-Corvo, em Castro Verde, no distrito de Beja, aos suecos da Boliden, num negócio que deve ficar concluído no primeiro semestre de 2025.
De acordo com a Lundin Mining, em comunicado divulgado hoje, o negócio, que envolve também a mina sueca de Zinkgruvan, ascende um montante total de 1,52 mil milhões de dólares americanos (cerca de 1,44 mil milhões de euros à taxa de câmbio atual).
Em declarações à Lusa, António José Brito frisou que a Somincor “é uma empresa sólida e muito capaz”, sendo Neves-Corvo “uma das maiores minas da Europa e a maior em Portugal”.
“Logo, é um negócio apetecível para os grandes grupos mineiros”, continuou o autarca, garantindo que o município vai estar “muito vigilante” relativamente ao futuro da empresa.
“Naturalmente, um novo proprietário vai querer impor a sua visão e métodos no funcionamento da empresa, mas estamos confiantes que esses acertos passarão, sobretudo, pela definição de estratégias para aumentar a capacidade produtiva na mina”, sustentou.
Na opinião de António José Brito, “isso pode ser bom, porque vai certamente assegurar mais longevidade à operação e mais solidez e longevidade no trabalho”.
O presidente da Câmara de Castro Verde adiantou igualmente que o executivo municipal já teve oportunidade de reunir com responsáveis da Boliden, onde estas questões foram abordadas.
“Somos prudentes e sabemos que haverá certamente ajustes, mas acreditamos, contudo, que serão passos capazes de fortalecer a empresa, a sua produtividade e a ação dos seus colaboradores”, disse.
António José Brito defendeu ainda que “será fundamental que a Boliden entenda, também, que não pode prescindir de continuar uma atitude de elevada responsabilidade ambiental e social”.
A Lusa tentou também obter uma reação do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM) sobre a venda da Somincor à Boliden, mas fonte oficial da estrutura sindical remeteu declarações para uma fase posterior e apenas depois de poder reunir com a administração da empresa.
Constituída em 24 de julho de 1980, a Somincor é a concessionária da mina de Neves-Corvo, que produz, sobretudo, concentrados de cobre e de zinco, assim como prata e chumbo, e onde trabalham cerca de 2.000 pessoas.
A empresa é uma subsidiária, há quase 20 anos, do grupo sueco-canadiano Lundin Mining, sendo a maior mina de zinco na Europa e a sexta maior de cobre também no continente europeu, além de ser a maior empregadora da região.
No ano passado, foram produzidas em Neves-Corvo um total de 108.812 toneladas de zinco e 33.823 toneladas de cobre.
No comunicado divulgado hoje, a Lundin Mining explicou que receberá da Boliden pela venda das minas de Neves-Corvo e de Zinkgruvan “uma contrapartida inicial” de 1,37 mil milhões de dólares”, mais “até 150 milhões de dólares de contrapartidas mediante a satisfação de determinadas condições”.
A venda das duas minas à Boliden deverá estar concluída “em meados de 2025”, sendo que, no caso português, o processo carece de “aprovação da alteração de controlo pela Direção-Geral de Energia e Geologia, ao abrigo do Contrato de Concessão Neves-Corvo”, explicou a Lundin Mining.