A criação dessa ligação, com passagem pelas “três maiores cidades do sul”, Évora, Beja e Faro, teria “a vantagem de, para além de outras, deslocar um eixo de mobilidade para o interior do país”, afirmou à agência Lusa o autarca alentejano.

Carlos Pinto de Sá realçou que “nem sequer existe” uma ligação ferroviária pelo interior sul do país e que o Itinerário Principal (IP) 2, que se constitui como um eixo rodoviário, “não está completo, junto a Évora”.

“Tem todo o interesse essa ligação e ficamos satisfeitos” com o anúncio do Governo sobre a realização de estudos nesse sentido, sublinhou.

O presidente do município falava à Lusa a propósito do Plano Ferroviário Nacional (PFN), que foi apresentado na semana passada pelo Governo e que vai agora para discussão pública.

O plano prevê um estudo sobre a ligação de alta velocidade entre Lisboa e o Algarve, com duas alternativas: a modernização da linha existente para reduzir a viagem em cerca de 30 minutos ou um novo eixo que inclua Évora, Beja e Faro, com tempo de viagem Lisboa - Faro inferior a duas horas.

Considerando que os dois projetos não são incompatíveis nem têm que ser “colocados em alternativa”, o autarca de Évora admitiu, porém, que “não seja possível garantir a realização” dos dois em simultâneo.

“Naturalmente que uma ligação Lisboa - Algarve é muito atrativa, sobretudo, para a zona do litoral, mas isso não deveria pôr em causa uma ligação pelo interior”, insistiu, assinalando que será “possível fazer a ligação Évora - Lisboa por via-férrea”.

Pinto de Sá referiu que a concretização dos dois projetos para a ligação ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e o Algarve permitiria ao país ficar “com duas alternativas” e com “produtos diferentes para os utentes”.

Por outro lado, para o autarca alentejano, a construção de um eixo ferroviário de alta velocidade pelo interior sul do país também seria “absolutamente fundamental para valorizar o Aeroporto de Beja”.

“O Aeroporto de Beja, para que possa funcionar como terminal de passageiros, tem que ter eixos rodoviários e, em particular, ferroviários que possam colocar os passageiros, com alguma rapidez, nos destinos que procuram”, sustentou.

O presidente da Câmara de Évora disse ainda que o Governo já assumiu o compromisso de realizar obras de beneficiação de “uma parte” da atual Linha do Alentejo, nomeadamente a eletrificação do troço entre Casa Branca, no concelho de Montemor-o-Novo (Évora), e Beja.

“É uma excelente notícia, porque é uma velha reivindicação e é fundamental para uma outra utilização do Aeroporto de Beja”, acrescentou.

O PFN foi apresentado, na quinta-feira, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que vai ficar responsável pela avaliação ambiental estratégica do documento, com a cooperação do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território.

Aprovada pelo Governo, a proposta de PFN será agora colocada em discussão pública, regressando depois ao Conselho de Ministros, de onde sairá para discussão na Assembleia da República.


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