Gestão da água em tempo de “crise climática” debatida em Beja
A gestão eficiente da água e dos recursos hídricos em tempo de “crise climática” vão estar em debate, hoje e amanhã, na cidade de Beja, numa conferência internacional que juntará especialistas, decisores políticos e empresários.
A terceira conferência “Energy & Climate Summit”, dedicada ao tema da ‘Água’, vai decorrer no auditório da Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral, em Beja, sendo promovida pelo projeto Guardiões.
“Precisamos de debater quais são as soluções ao nível da adaptação, para gerirmos melhor os recursos hídricos e sermos mais eficientes na sua utilização”, justificou à agência Lusa Ricardo Campos, presidente do Fórum Energia e Clima (FEC), que dinamiza o projeto Guardiões juntamente com o Instituto Politécnico de Portalegre e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo.
Para este responsável, “estamos num tempo de emergência climática, porque todos os dias são despejados na atmosfera 160 milhões de toneladas de gases com efeito de estufa, que fazem tudo menos desagravar esta crise climática”.
“Por isso, criámos estes painéis de debate em que, mais uma vez, estamos a juntar especialistas em ciência, mas também decisores políticos e ‘players’ do sector empresarial”, acrescentou.
Pela 3.ª conferência “Energy & Climate Summit”, em Beja, vão passar os ministros do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, e da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.
O evento terá ainda as presenças do ministro do Ambiente da Guiné Bissau, Viriato Cassamá, e da primeira-dama de Cabo Verde, Débora Katissa Carvalho.
Ricardo Campos disse esperar que com a presença destes responsáveis, e de diversos especialistas e líderes empresariais, seja possível “catalisar as mudanças que são necessárias” para uma gestão eficiente e sustentável da água.
Nesse sentido, na quarta-feira, a iniciativa vai promover o debate sobre os desafios na gestão da água, a dessalinização e reutilização da água, assim como sobre o que fazer com a água num clima que já mudou.
“Precisamos de começar a pensar no continente em produzir água a partir da dessalinização”, o que “já acontece há muitos anos em Portugal em Porto Santo e também em Cabo Verde”, defendeu Ricardo Campos.
Na quinta-feira, último dia da conferência, serão debatidas as vantagens e desvantagens dos transvases, a eficiência hídrica na agricultura e como diminuir as perdas de água nas redes.
Temos de “olhar para a eficiência, pois em algumas zonas do país perdemos cerca de 50% da água nos sistemas em baixa”, e na agricultura, “que é um grande consumidor de água”, é preciso “estabelecer novas formas de atuar” e “de armazenar a água”, disse o presidente do FEC.
Tudo isto são soluções já conhecidas “que será importante debater, aprofundar e cruzar, para que depois possam ser aplicadas e fazer com que este tema esteja cada vez mais na ordem do dia”, concluiu Ricardo Campos.