Beja: Conferência debate “Uma Comunidade Alentejana de origem Africana em Terras do Sado”
“Silêncios da Historiografia Portuguesa: Uma comunidade Alentejana de origem Africana em Terras do Santo” é o mote para uma conferência que vai decorrer, esta noite, pelas 21.00 horas, no Núcleo Museológico da Rua do Sembrano, em Beja.
Esta conferência, que tem como oradora a historiadora Isabel Castro Henriques, está integrada no ciclo Conferências Terra e Paisagens no Sul de Beja, promovido pela EDIA em parceria com a Câmara Municipal Beja, com o apoio da CCDRAlentejo, Associação de Defesa do Património de Beja e Universidade Sénior de Beja.
De acordo com os promotores “ao longo da história portuguesa, muitas foram as situações que a historiografia foi silenciando, dando origem a lacunas do saber, apenas colmatadas nas últimas décadas.”
É ainda acrescentado que “o conhecimento das populações de origem africana que se instalaram em Portugal, vindas no quadro do comércio de escravos português e reduzidas à escravatura, ou que aqui foram nascendo, a partir da segunda metade do século XV, ficou marcado pelo silêncio, já que, transformadas em mercadoria, não apresentavam qualquer interesse histórico.”
Na apresentação da conferência é ainda afirmado que “é nos finais do século XIX que Leite de Vasconcelos regista a presença de populações no vale do Sado, conhecidas por “Pretos do Sado”, cuja história começa apenas agora a ser estudada e conhecida. Instaladas nessa região alentejana desde finais do século XV, esses homens e mulheres, que no século XIX formavam uma comunidade singular ligada à rizicultura, foram-se integrando afirmando uma identidade alentejana e portuguesa, que hoje exclui quaisquer marcas culturais significativas de um passado africano.”