Em comunicado publicado na sua página de Internet, consultado pela agência Lusa, a CAP disse estar a acompanhar “a gravidade do surto e os impactos financeiros crescentes”.

“É da maior urgência que a tutela intervenha de forma célere, minimizando os custos para os produtores e assegurando a continuidade das explorações e a sua sustentabilidade económica”, defendeu a confederação agrícola.

Portugal estava já “a lidar com os serotipos 1 e 4 do vírus” da febre catarral ovina, que implica “declaração e vacinação obrigatória do efetivo ovino reprodutor adulto e dos jovens destinados à reprodução, bem como do efetivo bovino”, disse a CAP.

Mas, em 13 de setembro passado, foi detetado no distrito de Évora, “um novo serotipo 3 do vírus”, que “rapidamente se espalhou a outros distritos do Alentejo” e já chegou aos “distritos de Santarém e Castelo Branco”, implicando “novas preocupações”.

A chamada doença da língua azul, com a deteção deste novo serotipo (grupo de microrganismos que tem um conjunto de antigénios em comum), está, pois, “a provocar uma grave crise sanitária e económica em Portugal, segundo a CAP.

“A doença, que afeta principalmente os ovinos, tem levado a um aumento alarmante de mortes e abortos entre os rebanhos, resultando em severas perdas financeiras para os produtores”, pode ler-se no comunicado.

Aludindo a dados do Sistema de Informação de Resíduos de Animais (SIRCA), do mês de setembro, a confederação revelou que houve “um aumento de 54% na recolha de animais mortos” no Baixo Alentejo, face ao mesmo período do ano passado.

Uma subida “que representa mais 4.000 animais”, precisou, indicando que, “nos últimos dias, o número de animais recolhidos ultrapassou a marca de 1.000 por dia”.

“Este serotipo 3 está a dizimar os rebanhos. São enormes os prejuízos imediatos com as mortes e abortos, mas também a dimensão do impacto a longo prazo é preocupante pela impossibilidade de acesso aos prémios dos animais e face à incógnita sobre o encabeçamento mínimo para validar as medidas dos ecorregimes e medidas agroambientais”, avisou a CAP.

Em resposta a este surto, referiu, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) autorizou, no dia 10 deste mês, a “utilização provisória” da Vacina Syvazul BTV 3 para ovinos e bovinos.

Mas esta não está incluída no Programa de Sanidade Animal (PSA), o que “representa custos elevados de aquisição e administração e um desafio adicional para os produtores”, criticou a CAP, acrescentando que o processo de disponibilização da vacina “também é moroso, o que dificulta uma resposta rápida”.

Por isso, atendendo à “gravidade destas circunstâncias”, ao “impacto devastador da doença”, a CAP defendeu ser “urgente uma intervenção rápida com a disponibilização da vacina sem encargos para o produtor”.

“As taxas de mortalidade e abortos associados a este serotipo são muito elevadas, colocando o setor numa situação sanitária preocupante e ameaçando a sustentabilidade das explorações pecuárias”, alertou.

No dia 10 deste mês, também em comunicado, a Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) apelou ao Governo para que o Estado passe a suportar na íntegra os custos da aquisição da vacina contra a doença da língua azul.

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