Castelo de Noudar (Barrancos) alvo de duas intrusões e cerca de 60 perfurações no solo
O Castelo de Noudar, monumento nacional no concelho de Barrancos, foi alvo de duas intrusões em que terão sido usados detetores de metais e feitas cerca de 60 perfurações no solo, mas sem furto ou destruição de património.
As duas intrusões de desconhecidos no castelo, onde decorrem obras de reabilitação de um troço de muralhas, terão ocorrido entre os passados dias 17 e 21 de março, disse hoje à agência Lusa Cláudia Costa, vice-presidente da Câmara de Barrancos, no distrito de Beja.
Há “evidências de utilização de detetor de metais” e vestígios de terem sido feitas cerca de 60 perfurações em vários sítios do recinto do castelo durante as duas intrusões, explicou.
Segundo a autarca, técnicos municipais não detetaram “outras ações de vandalismo”, destruição de património ou furto de qualquer bem da câmara ou da empresa que está a realizar obras no castelo.
E “não há evidências de ter sido encontrado” nas perfurações e levado “qualquer objeto, salvo pregos, parafusos”, vincou, lembrando que o recinto do Castelo de Noudar foi alvo de “grandes intervenções” arqueológicas nos anos 80 e 90 do século XX e, na altura, “não foi encontrado nada”.
Após estas ações de vandalismo, a Câmara de Barrancos comunicou e denunciou os factos à GNR e à Direção-Geral do Património Cultural, disse a autarca.
Em declarações à Lusa, o oficial de relações públicas do Comando Territorial de Beja da GNR, capitão Hugo Monteiro, disse que a força de segurança teve conhecimento das intrusões através da autarquia e comunicou os factos ao Ministério Público, que determinará a abertura de um inquérito ou o arquivamento do caso.
Segundo Cláudia Costa, a primeira intrusão terá ocorrido entre as 18:00 de dia 17 e as 08:00 de dia 18 e a segunda entre as 18:00 de dia 18 e as 08:00 de dia 21.
Na primeira intrusão, os intrusos arrombaram uma porta para entrarem no recinto do castelo, onde terão feito “mais de 50 perfurações” no solo.
Na segunda intrusão, por não terem sido encontradas novas evidências de porta arrombada, “presume-se” que os intrusos terão entrado no recinto através de andaimes instalados no lado exterior da muralha em obras e feito “meia dúzia” de perfurações.
Os sinais das intrusões foram detetados por duas funcionárias municipais, uma arqueóloga e uma técnica de restauro, que estão a realizar trabalhos arqueológicos no troço de muralhas em obras.
A Câmara de Barrancos está a reabilitar o troço das muralhas do castelo entre a porta de Barrancos e o torreão sul, que estava numa situação de degradação muito avançada e em risco de derrocada.
As obras de reabilitação começaram em novembro do ano passado e vão implicar um investimento de 490.532,50 euros, financiado em 85% por fundos comunitários e em 15% por verbas do município.
O Castelo de Noudar, classificado como Monumento Nacional desde 1910, é propriedade municipal e está situado a alguns quilómetros da vila raiana de Barrancos.
O monumento, que assumiu grande importância na defesa da fronteira com Espanha, data do século XIV, mas o "sítio de Noudar" teve sempre ocupação desde o ano 3.200 antes de Cristo (a.C.) e até ao século XIX.