Castro Verde: Primeiras libertações de tartaranhão-caçador no Alentejo
Vinte e um exemplares juvenis de tartaranhão-caçador (ou águia caçadeira) foram libertados na terça-feira no concelho de Castro Verde, no âmbito do Plano de Emergência para a Recuperação do Tartaranhão-caçador (Circus pygargus)
Em comunicado enviado à agência Lusa, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) revelou tratar-se “de uma espécie migradora” que nidifica em Portugal, “sendo a região do Alentejo uma das mais importantes para a sua reprodução”.
O Plano de Emergência para a Recuperação do Tartaranhão-caçador, coordenado pelo ICNF, resulta de uma colaboração com a Liga Para a Proteção da Natureza (LPN) e tem ainda a parceria do projeto “Searas com Biodiversidade: Salvemos a Águia Caçadeira”.
Este projeto envolve o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO/Biopolis), o Clube de Produtores Continente, a Associação Nacional de Protutores de Cereais (ANPOC), a Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural e a Sociedade para os Estudo das Aves (SPEA).
O Plano de Emergência “teve início no mês de março”, com a prospeção e localização de colónias e ninhos em áreas de produção de feno.
Os ovos recolhidos seguiram para um centro de criação, “onde foram incubados em instalações especializadas para o efeito” e “alvo duma monitorização constante”, lê-se no comunicado.
O objetivo era que “a incubação se realizasse com o adequado nível de temperatura e humidade e se maximizasse o sucesso da eclosão”, acrescentou o ICNF.
Após o nascimento, as crias foram alimentadas em “ambiente climatizado” até poderem ser transferidos para as instalações “de aclimatação ao ‘habitat’ natural”, construídas especificamente na Herdade do Vale Gonçalinho, propriedade da LPN no concelho de Castro Verde.
“As primeiras crias foram transferidas para este local em junho, com aproximadamente 30 dias, para que fossem sendo preparadas para a sua devolução à natureza, que aconteceu ontem [terça-feira] com sucesso”, observou o ICNF.
De acordo com o instituto, na Zona de Proteção Especial de Castro Verde foi estimada, em 2011, “a presença de 214 casais reprodutores” de tartaranhão-caçador, sendo que, em 2021, “na mesma área”, já eram “apenas 50 casais”.
“Estes valores indicam um decréscimo do número de casais [de tartaranhão-caçador] em Portugal de aproximadamente 75% nos últimos 10 anos, que atinge os 85% no Alentejo”, notou o ICNF.
Foi devido “à situação muito crítica em que a espécie se encontra” no país que “se iniciou este Plano de Emergência”, coordenado pelo ICNF, “para evitar a extinção desta espécie em Portugal”, acrescentou.
O ICNF destacou ainda o “esforço inédito em que foi necessário efetuar a incubação ‘ex-situ’ (fora do meio natural)” dos ovos, “para assegurar a sua sobrevivência” e “aumentar o número de juvenis” que foram agora devolvidos ao “meio selvagem”.