Centenário do nascimento de D.Manuel Franco Falcão assinalado pela Diocese de Beja
A Diocese de Beja assinala, hoje, o centenário do nascimento de D.Manuel Franco Falcão, Bispo de Beja entre 1980 e 1999.
A Sé Catedral de Beja recebe, às 15.00 horas, uma eucaristia, segue-se, às 17.00 horas, uma sessão solene no Salão do Centro Pastoral, no Seminário de Beja, onde vai ser também inaugurada uma exposição constituída por objetos pessoais de D. Manuel Falcão e apresentado um “pequeno filme sobre a vida e obra” deste bispo.
D.Manuel Franco Falcão nasceu, no dia 10 de novembro de 1922, em Lisboa Licenciou-se em engenharia mecânica no Instituto Superior Técnico e, em 1945, entrou no seminário, para se dedicar ao sacerdócio, recebendo a ordenação sacerdotal em 1951.
Depois de ordenado, é nomeado Prefeito no Seminário dos Olivais e ali exerce funções de professor. Ensinou, conforme as necessidades, Ciências Naturais, História da Igreja, Sociologia, Pastoral. Ação Católica, etc.
Os primeiros anos, consagrou-os quase exclusivamente ao Seminário, embora ajudando os párocos das redondezas, sobretudo aos domingos e em confissões.
É feito cónego da Sé Patriarcal de Lisboa a 24 de março de 1962 e assume funções de secretário particular do Patriarca de Lisboa acompanhando-o em diversas deslocações.
Por nomeação Pontifícia de Paulo VI, a 27 de Novembro de 1974 é nomeado Bispo Coadjutor com direito de sucessão de D.Manuel dos Santos Rocha, tomando posse a 22 de Janeiro de 1975. Com a resignação do seu antecessor em 1980, assume plenamente o governo da Diocese de Beja.
Esta nomeação teve particular relevo num contexto de revolução com a queda do Estado Novo. D. Manuel Falcão oriundo de uma família de proprietários alentejanos iniciou um diálogo constante com o povo de Beja em particular com os trabalhadores e lavradores, que ao longo do tempo depositaram nele a sua confiança e respeito. Assim ficou conhecido como um Bispo de diálogo, amigo dos pobres e sem medo. D. Manuel nos primeiros anos como Bispo Coadjutor percorreu todo o território, estabelecendo canais de diálogo e comunhão. Assim fez jus ao lema episcopal que escolheu: Omnes unanimes em português, todos unânimes.
Consolidou as bases financeiras da Diocese, para o que muito contribuíram nomeadamente a renúncia quaresmal do Patriarcado de 1981, oferta tendo em conta a pobreza da Diocese e os anos de serviço em Lisboa, bem como as ajudas dos Bispos e instituições da Alemanha para programas definidos de interesse pastoral.
Adquiriu em condições muito favoráveis o novo Paço, o jazigo dos Bispos no cemitério de Beja e o edifício para o Clube Stella Maris de Sines. Renovou o Instituto de Nossa Senhora de Fátima e o Colégio de Milfontes, que passou a diocesano. Fez obras de beneficiação na Sé e no Seminário e reservou parte deste para Centro Diocesano de Pastoral.
Elaborou todos os Relatórios Quinquenais sobre o Estado da Diocese desde o de 1972-1976 e cumpriu todas as Visitas “ad Limina”, desde a sua estadia em Beja ao serviço da Diocese. Presidiu às delegações diocesanas aos Congressos Eucarísticos Internacionais de Lourdes e de Sevilha.
Em 1984 criou o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja (DPHA) com a finalidade de dar a conhecer e proteger o património artístico e religioso da Diocese.
No seu testamento notarial deixou tudo à diocese a quem ele serviu, apenas pedindo que esta destine uma última dádiva com os pobres que ele desde há anos ajudava, transcrevendo os seus endereços.
Faleceu a 21 de fevereiro de 2012, no Paço Episcopal de Beja.