A propósito do aumento das tarifas norte-americanas sobre as importações provenientes da União Europeia, a CNA reitera, em nota de imprensa, “a posição crítica que sempre assumiu relativamente ao paradigma do comércio internacional liberalizado que coloca agricultores e consumidores sujeitos aos interesses das grandes corporações e à volatilidade dos mercados e das políticas económicas” considerando que “os efeitos negativos na produção nacional resultantes da aplicação dessas novas tarifas são disso um claro exemplo.”

O impacto sobre as exportações nacionais de produtos agroflorestais, como o vinho, o azeite, a cortiça, entre outros, terá, de acordo com a CNA “consequências no escoamento da produção”.

Ainda segundo a CNA “se a Agricultura Familiar produz, sobretudo, para o mercado nacional, os pequenos e médios agricultores serão também afetados, nomeadamente pelo facto de passar a haver mais produtos a circular no mercado interno”, por isso, afirma que “é necessário implementar apoios para os sectores mais afetados, nomeada mente prever retiradas de mercado para prevenir baixa de preços, evitando, assim, que os agricultores sejam ainda mais penalizados do que já têm sido pelos preços baixos à produção.”

A par da diversificação dos mercados de exportação, no sentido de ultrapassar os constrangimentos provocados pelas tarifas norte-americanas, a CNA defende que é urgente, sobretudo, alterar o paradigma da total liberalização do comércio e da política do “produzir para exportar” porque considera que “esta aposta de sucessivos governos não só não nos tem protegido dos nefastos efeitos da volatilidade dos mercados, como também conduziu a uma escandalosa dependência de Portugal do exterior nos produtos agroalimentares, com um défice incomportável.”

A CNA alerta também que a “tentação imediata de apontar como solução a proliferação de tratados de livre comércio é insistir no mesmo erro que nos conduziu à situação atual” e defende que a “solução para os problemas que se colocam passa por reorientar a política agrícola para o mercado interno num quadro de Soberania Alimentar, apostando nos circuitos curtos agroalimentares, através da criação e dinamização de feiras e mercados locais e do abastecimento de cantinas públicas (escolas, hospitais…) com produção local proveniente da Agricultura Familiar”.

Para a CNA é cada vez “mais urgente construir políticas agrícolas que cumpram os desígnios da Soberania Alimentar, no respeito da Declaração dos Direitos Camponeses e outras Pessoas que Trabalham em Zonas Rurais que, em Portugal, se cumprirá com a implementação do Estatuto da Agricultura Familiar”

A CNA conclui com a afirmação que “Portugal precisa de mais pequenos e médios agricultores, mais Agricultura Familiar e mais produção nacional, pela Soberania Alimentar do país”.

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