Comércio local no Alentejo com vendas de Natal "nada famosas"
As vendas de Natal na zona raiana de Elvas, distrito de Portalegre, até melhoraram este ano face a 2021, ainda que o negócio esteja abaixo dos tempos pré-pandemia, mas, do comércio local de Beja só chegam lamentações.
“O ‘feedback’ que tenho não é nada famoso. Os comerciantes queixam-se que têm poucos clientes e os clientes queixam-se da falta de poder de compra e do aumento dos preços”, afirmou hoje à agência Lusa João Rosa, presidente da Associação de Comércio e Serviços do Distrito de Beja.
Numa ronda efetuada pela Lusa junto das associações comerciais da região do Alentejo para saber como estão a decorrer as vendas nesta época festiva, agora que já faltam poucos dias para o Natal, João Rosa, do lado de Beja, disse receber “lamentações” da parte do comércio local.
“É uma tristeza. Ainda hoje parei no centro da cidade e estava a comentar que era uma tristeza estar a olhar para um estabelecimento com mais de 100 metros quadrados e, lá dentro, não estava nem um cliente, só um ou dois funcionários ao balcão”, lamentou.
Mas, contrapôs, as grandes superfícies da cidade têm estado a ‘abarrotar’ de clientes: “Passamos junto dessas grandes lojas e vemos os parques de estacionamento cheios de carros. Ora, se estão os carros, também estão as pessoas”.
Para o presidente da Associação de Comércio e Serviços do Distrito de Beja, esta tendência de as pessoas optarem pelas grandes superfícies “não se consegue contrariar”, mas também os comerciantes em Portugal deveriam “juntar-se mais para aumentarem as suas capacidades nos negócios”.
“As pessoas vão onde é mais fácil, sabem que encontram lugar para o carro, onde têm tudo ao dispor e à altura dos olhos e, pronto, é difícil contrariar este fenómeno”, desabafou.
Já para o presidente da Associação Empresarial de Elvas (AAE), João Pires, as vendas de Natal melhoraram este ano em relação ao ano passado, mas o negócio está “muito abaixo” do registado em 2019, antes da pandemia de covid-19.
“Fazemos os cálculos no final do Natal, mas, pela perceção e do que vamos falando” com os associados, o negócio “está muito abaixo de 2019” e a quebra “poderá andar à volta de 30%”, afirmou o responsável, em declarações à agência Lusa.
O presidente da AEE escusou-se a comparar o volume das vendas no período natalício deste ano com o de 2021 e 2020, argumentando que, nesses anos, “o Natal foi insonso”, com condicionamentos relacionados com a pandemia.
João Pires realçou que, no início deste mês, “praticamente não se notou o incremento de vendas”, com os consumidores a revelarem-se “cautelosos”, mas o negócio está a melhorar “gradualmente desde meio da semana passada”.
“No comércio alimentar, começou a notar-se no fim de semana passado”, enquanto “o retalho já leva uma semana, com aquela azáfama do Natal e as pessoas a comprarem prendas”, adiantou.
Segundo o responsável, também os consumidores espanhóis, que representam “uma fatia muito importante” dos clientes e que têm “poder de compra”, já começaram a procurar mais o comércio do lado de cá da fronteira.
“Temos dois Natais”, pois “fazemos vendas de Natal para o consumidor português e, agora, iniciamos as vendas para o consumidor espanhol, que só entrega as suas prendas no dia 06 de janeiro”, sublinhou.
A Lusa tentou contactar a Associação Comercial do Distrito de Évora, mas tal não foi possível em tempo útil.