“No dia 18 de julho, a comunidade junta-se para se manifestar contra o atual modelo de gestão insustentável da água da Barragem de Santa Clara”, referem os promotores num comunicado enviado hoje à agência Lusa.

A manifestação “SOS Rio Mira”, organizada por vários elementos da comunidade e do CLARA (Center for Rural Future), quer demonstrar as suas preocupações em relação à escassez de água naquela região e denunciar o modelo de “gestão desadequado” e “controlado pela industria alimentar”.

“A água é um recurso vital e percebemos que há menos água, que chove menos e que a água tem uma gestão completamente desadequada, tem um modelo de gestão privado, controlado pela industria alimentar do litoral” alentejano, disse à Lusa Diogo Coutinho, um dos promotores da manifestação.

Enquanto isso, “as populações vão vendo a água cortada, o não abastecimento, cortes no rio, projetos de eucaliptais irrigados fora do Perímetro de Rega, os problemas sociais das estufas e os problemas ambientais, que se vão avolumando, com tendência a piorar porque cada vez vai chover menos e haverá menos água disponível”, sublinha.

Os promotores acusam a Associação de Beneficiários do Mira (ABMira), responsável pela gestão, exploração e conservação da Barragem de Santa Clara, de “negar água ao rio e aos pequenos agricultores para dar a um grupo restrito de grandes empresas que deixam uma pegada social e ecológica insustentável e insuportável para as comunidades e o território”.

“O foco principal é o Governo, que é o único organismo que tem capacidade para mudar as coisas. A ABMira é o órgão executor destas políticas, mas no final é o Ministério da Agricultura que as define”, defende Diogo Coutinho.

A manifestação, marcada para as 10:30, do próximo domingo, arranca no “topo do paredão” da barragem de Santa Clara, num momento simbólico “da passagem da barragem para o rio”, onde será “desenrolada a mensagem SOS Rio Mira – A Água é Para Todos”, que será transportada até ao “espelho de água” de Santa Clara-a-Velha, numa extensão de quatro quilómetros.

No protesto será ainda apresentado um manifesto a exigir a restituição do caudal ecológico para o rio Mira, a gestão pública de um recurso único e comum, alteração nas prioridades de distribuição da água, começando pelo rio Mira, seguindo-se as populações e todos os agricultores sem exceção e investimentos na infraestrutura para a redução de perdas de água.

No documento, os manifestantes exigem ainda maior eficiência no consumo, o bloqueio imediato do plano de expansão das áreas de produção intensiva no litoral e a reabilitação urgente das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) que alegadamente “poluem o rio Mira, em especial a de Sabóia”, no interior do concelho de Odemira.

“A ETAR de Sabóia está desatualizada, não funciona e está a descarregar diretamente para o rio. Quando a ABMira cortou a água para o rio que ficou a seco, a única coisa que se via a correr era o esgoto que saia desta ETAR sem tratamento. Como essa há outras que têm um funcionamento medíocre e que precisam de urgente renovação”, alerta Diogo Coutinho.

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