Concurso para médicos de família com mais candidatos admitidos do que vagas abertas
Um total de 212 especialistas em medicina geral e familiar foram admitidos a concurso para preencher 196 vagas, incluindo mais de 100 médicos sem vínculo por tempo indeterminado com o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O Ministério da Saúde (MS) adiantou à Lusa que a lista de ordenação final agora publicada inclui a admissão de 212 candidatos, no âmbito do concurso para a contratação de médicos de família aberto no início deste mês.
Este número de médicos candidatos “evidencia que, além dos recém-especialistas, concorreram a este concurso mais de uma centena de médicos de família que até aqui não detinham uma relação jurídica de emprego por tempo indeterminado com o SNS”, adiantou o ministério de Manuel Pizarro.
Segundo o MS, a abertura destes 196 postos de trabalho no recente concurso de recrutamento de médicos representou um “aumento de 87% face ao número de 105 recém-especialistas” que concluíram a formação em medicina geral e familiar na segunda época de avaliação do internato médico de 2022.
“Regista-se, por isso, que este número de candidatos é um indicador muito positivo”, sublinhou o ministério, ao avançar que agora segue-se o processo de escolha de vagas, para as quais pode haver mais de um candidato.
“Se no final do concurso se verificar que há candidatos disponíveis não colocados, a situação será objeto de análise e serão abertas novas vagas”, garantiu ainda o Ministério da Saúde.
Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Portugueses de Medicina Geral e Familiar (APMGF) considerou “inexplicável e surpreendente” que, perante "quase 1,5 milhões de pessoas" sem médico de família, se abra um “concurso que tem menos vagas do que candidatos”.
“Deviam ser disponibilizadas todas as vagas que são necessárias. Todas elas deveriam ser colocadas a concurso, mas não é isso que está a acontecer, porque faltam muitos mais médicos de família do que estas 196 vagas que foram colocadas a concurso”, alertou Nuno Jacinto.
O presidente da APMGF considerou também “positivo” o número de médicos que concorreram e que “querem ficar no SNS”, mas reiterou ser “incompreensível que só haja 196 vagas” disponibilizadas, tendo em conta as “carências profundas” desses especialistas em Lisboa e Vale do Tejo, mas também no Alentejo e Algarve.
O concurso prevê 13 vagas na área de Medicina Geral e Familiar para o Alentejo, 13 para o Algarve, 44 para o Centro, 62 para Lisboa e Vale do Tejo e 64 para o Norte.