Covid-19: Médicos de família vão entregar aos utentes nota a pedir compreensão pelos atrasos
Os médicos de família vão entregar, a partir de hoje, uma nota aos utentes a pedir compreensão pelos atrasos nas consultas e nas respostas aos pedidos de medicação, avançou à Lusa o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos.
“É uma pequena justificação a todos os
utentes para que de alguma maneira percebam que, apesar dos nossos esforços a
situação, vai ter tendência a piorar”, adiantou Jorge Roque da Cunha.
Na nota, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) afirma que “a vacinação é fundamental para o combate a pandemia”, mas sublinham que “está a ser feita exclusivamente a custa dos médicos, enfermeiros e assistentes técnicos dos centros de saúde em vez de contratação de profissionais”.
“Por isso, e apesar de não termos qualquer responsabilidade nos atrasos das consultas, das respostas aos pedidos de medicação, da resposta aos mails, pedimos a sua compreensão pelos atrasos”, lê-se na mensagem.
Refere ainda que os médicos vão continuar “a implorar” para que os deixem ver os seus doentes e dessa forma evitar “cancros amputações cegueiras e tromboses entre outras doenças” e apela aos utentes para exigirem o mesmo junto dos políticos nas juntas de freguesia, nas câmaras e assembleias municipais, no parlamento e ao Governo.
Jorge da Cunha adiantou que a nota, distribuída pelos associados do SIM, surge depois de terem sido feitos “repetidos apelos” sem sucesso ao Governo para contratar médicos, enfermeiros e assistentes técnicos para a vacinação que vai demorar algum tempo.
“Não sabemos se vai ser preciso uma terceira dose e depois é a vacinação contra a gripe e, por isso, temos de criar as condições para que os nossos utentes tenham acesso [aos cuidados de saúde] porque é politicamente criminoso não estar a permitir que os médicos de família vejam os seus doentes”, vincou.
Jorge Roque da Cunha adiantou que, à medida que se desenrola a pandemia, o Governo tem retirado progressivamente dos centros de saúde meios que “já são escassos” para se dedicarem ao acompanhamento dos doentes com covid-19, quando há cerca de um milhão de utentes sem médico de família.