Distrito de Beja promove alimentação sustentável e de base local nas cantinas
O distrito de Beja recebe, desde hoje, um projeto que visa a promoção de uma alimentação “sustentável, saudável e tendencialmente de base local” nas cantinas escolares e sociais da região, promovido pela cooperativa Esdime.
O projeto “TerrAlimenta” vai ser promovido, ao longo dos próximos 18 meses, por esta cooperativa sediada em Messejana, no concelho de Aljustrel, sendo financiado através do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020.
“Este projeto tem a ideia de fazer a transição para um sistema alimentar territorializado, tentando contribuir ao máximo para a soberania alimentar da região com base numa alimentação saudável, sustentável e baseada na dieta mediterrânica”, explicou hoje à agência Lusa Marta Cortegano, coordenadora da iniciativa.
O “TerrAlimenta” é dinamizado pela Esdime em parceria com os restantes quatro grupos de ação local da região: Alentejo XXI, Terras Dentro, Rota do Guadiana e Terras do Baixo Guadiana.
A estas instituições juntam-se a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL), a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo (DRAPAL) e as associações Terra Sintrópica e In Loco.
Segundo Marta Cortegano, a iniciativa vai incidir nas cantinas de escolas e instituições sociais do distrito, pretendendo ser “muito útil quer aos consumidores, quer aos produtores locais”.
“A nossa população mais vulnerável são as crianças e os idosos, portanto, se tivermos como parceiros principais as cantinas, é uma forma muito interessante de contribuirmos para a soberania alimentar”, explicou.
Para tal, continuou Marta Cortegano, o “TerrAlimenta” será um projeto “iniciador”, através do qual se vai “trabalhar em rede com todos os ‘stakeholders’ [parceiros] que estão ligados à questão da alimentação nas cantinas”.
“A ideia vai ser, durante um ano e meio, trabalhar em conjunto o território, fazendo capacitação, uma vez que já existem muitos exemplos de regiões que estão a fazer isto”, frisou.
A coordenadora do projeto acrescentou que, para se conseguir “desenhar” este processo, será feito “um diagnóstico e um levantamento do que é a produção local” e também “do que são as compras em todas as cantinas, para se conseguir redesenhar o seu abastecimento”.
“No final, vai haver esse redesenho do que será um sistema alimentar territorializado”, sublinhou.
Em paralelo, e no âmbito do projeto, serão dinamizadas duas “experiências-piloto”, uma em Mértola e outra em Ourique, “para testar, numa escala mais pequena, o que pode funcionar bem ou não funcionar”.
Na opinião de Marta Cortegano, “apesar de o projeto ter na sua base mais a questão da alimentação sustentável”, pode igualmente representar “um benefício económico evidente”.
Com o “TerrAlimenta”, fica-se “a saber exatamente, no total de todas as cantinas, quanto é que se compra na região”, indicou, argumentando que “isso pode levar a que muitos outros pequenos agricultores que queiram participar neste processo da venda para as cantinas se possam organizar”.
O projeto pode mesmo permitir a criação de “uma central de compras direcionada para as cantinas partindo da produção local da região”, através da CIMBAL, acrescentou.