DRA do PCP critica "vil exploração" de imigrantes em Odemira e na região
O PCP alertou hoje que a realidade de Odemira (Beja), com condições de vida “deploráveis” e “vil exploração” de trabalhadores agrícolas imigrantes, é “há muito conhecida” e é a “ponta do icebergue” do que se passa na região.
“A evolução da doença da covid-19 no concelho de Odemira”, sobretudo nas freguesias de São Teotónio e Longueira-Almograve, “é apenas a ponta do icebergue de uma realidade que se estende a toda a região do Alentejo”, disse o PCP, em comunicado.
A Direção Regional do Alentejo (DRA) do PCP, no comunicado enviado hoje à agência Lusa, realçou que esta situação acontece “seja nas extensas áreas de estufas no perímetro de rega do Mira”, na zona de Odemira, “ou nas monoculturas de olival e amendoal no perímetro de rega de Alqueva”.
“A agricultura e o regadio são decisivos para a criação de emprego, produção nacional e produção da riqueza”, admitiram os comunistas.
Mas, “a extensão sem regras à exploração em largas faixas das monoculturas do amendoal e olival intensivo e superintensivo e da produção de fruticultura em estufas, requerendo em larga medida mão-de-obra pouco qualificada, encontrou nos trabalhadores imigrantes uma fonte de exploração desenfreada”, denunciou.
“A verdade é que esta realidade há muito que é conhecida pelos diversos poderes políticos central, regional e local”, lembrou.
Só que, “perante as denúncias, propostas e exigências do PCP, os que reagem agora de forma hipócrita, fazendo crer que o problema é novo e o desconheciam, antes agiram em conivência dos grandes interesses do agronegócio”, criticou a DRA do PCP.
“Há anos que se sabia, segundo dados do SEF, que só em Odemira existiam cerca de 6.000 trabalhadores imigrantes registados e mais 5.000 em processo de regularização, muitos dos quais objeto da mais vil exploração e a viverem em condições sub-humanas” e “deploráveis”, assinalou a estrutura comunista.
Lembrando que o PCP tem vindo a apresentar projetos de resolução ou de lei no parlamento para contrariar esta situação, rejeitados, inviabilizados ou que ficaram sem resposta, a DRA defendeu que “urge agir” para “responder aos problemas imediatos de saúde pública resultantes da covid-19” e com o Estado a “intervir de forma integrada através do SEF, da ACT, da Segurança Social e de outras instituições” para “combater as redes de tráfico humano”.
E assegurar que as sociedades agrícolas fornecem “a todos os trabalhadores as condições de trabalho, salários justos e condições de habitualidade condignas”, exigiu o PCP.