Entrevista Atual: José Alberto Guerreiro não quer “uma nova Almeria” na região
As últimas semanas colocaram Odemira no topo das atenções mediáticas e no centro do combate político. Em causa a evolução e a gestão da pandemia, particularmente no enorme contingente de trabalhadores migrantes, indispensáveis para assegurar os trabalhos agrícolas nas centenas de hectares de estufas instaladas naquela região, mas alojados e tratados de forma atentatória dos mais elementares direitos humanos.
Numa entrevista de fundo dada ao “O Atual”, (que pode seguir aqui) José Alberto Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de Odemira desde 2009, e a cumprir o último ano do seu último mandato, refaz o percurso que conduziu o concelho à atual situação, apesar dos insistentes e reiterados alertas por parte dos agentes locais.
Recorda que por parte dos autarcas do Litoral Alentejano e também de Aljezur no Algarve, sempre houve o entendimento e a denuncia que, a manter-se o crescimento descontrolado deste tipo de explorações, a rutura social e humanitária seria inevitável.
O autarca não esconde mesmo “o amargo de boca” que sente, por não ter conseguido ao longo de todos estes anos, fazer com que os sucessivos governos e os diversos serviços com responsabilidade na administração do território, levassem em linha de conta os alertas para a necessidade de um planeamento e ordenamento do território que evitasse, a mais que expectável, situação que hoje se vive.
José Alberto Guerreiro, diz-se defensor da regionalização e lamenta a inexistência de uma cadeia de ligação entre o poder central e o poder local, que assegurasse uma mais estreita ligação com o território, afirmando que existe, desde sempre, um abandono e um desconhecimento das realidades locais, ironizando que os responsáveis centrais, esquecem, nas suas deslocações a Odemira, que gastam a maior parte do tempo disponível na deslocação.
Dizendo reconhecer a importância que este tipo de agricultura, ligada aos frutos vermelhos e às hortícolas, tem para a o concelho e para o país, José Alberto Guerreiro, diz que a mesma não pode continuar a crescer de forma desregulada, ameaçando transformar a região numa nova Almeria espanhola.