Espetáculo para celebrar interculturalidade vai estrear no concelho de Odemira
Um espetáculo que celebra a interculturalidade e quer “abrir portas” às comunidades que “reescrevem a história” e dialogar com “o Oriente que respira” no sudoeste alentejano vai ser apresentado, entre sexta-feira e domingo, no concelho de Odemira.
“Bowing” é um espetáculo de música, dança, vídeo e palavra concebido por Madalena Victorino e André Duarte, em cocriação com Matilde Real, Pavel Tavares e Inês Melo e com a participação especial de participantes da comunidade migrante e não-migrante da freguesia de São Teotónio, no concelho de Odemira, distrito de Beja.
O projeto nasceu em 2020, no âmbito do Plano Municipal de Integração de Migrantes “Odemira Integra”, e faz parte da programação da iniciativa “Lavrar o Mira e a Lagoa – As Artes Além Tejo”, produzida pela cooperativa cultural Lavrar o Mar.
Este espetáculo “aborda a questão da integração e da inclusão” da população proveniente de países como a Índia, Nepal e Bangladesh, “que está na costa vicentina a trabalhar na agricultura intensiva”, explicou à agência Lusa a coreógrafa Madalena Victorino.
Nesse sentido, o projeto pretende “fazer a aproximação entre Oriente e Ocidente, olhando para as culturas destes países” através da dança, da música, da imagem e da palavra, acrescentou.
Segundo a autora, ao longo do espetáculo são tratados temas como a “incompreensão” entre culturas, a “hospitalidade” de quem recebe ou a “gravidade”, por forma a promover “um verdadeiro encontro entre povos”.
“São temas que fomos desenvolvendo ao longo deste ano de trabalho, sobretudo com jovens e também com homens que trabalham nas estufas”, em que “as músicas e as danças são inspiradas nestes países, mas com um tratamento contemporâneo”, revelou Madalena Victorino.
Segundo a coreógrafa, “Bowing” é a vénia que os povos do Oriente usam para se cumprimentar, assim como o gesto de se “inclinar perante o outro” ou a “inclinação da dança”.
Mas “Bowing” é, igualmente, um “espetáculo único”, que além de ficar “como uma memória desta transformação e desta reescrita do território que São Teotónio está a viver” também reflete o tempo atual.
“A mim interessa-me, como artista, olhar o mundo em que estou inserida, observar as problemáticas que aqui estão e, ao viver isso, há coisas que sinto que é importante dizer ou sobre as quais é importante falar”, justificou.
Concebido como um espetáculo itinerante para maiores de 6 anos, “Bowing” é apresentado entre sexta-feira e domingo, sempre às 19:00, partindo do Quintalão e percorrendo diversas ruas e locais de São Teotónio.
Com direção técnica e desenho de luz de Joaquim Madaíl, a produção conta com a participação de mais de 70 pessoas em divide-se em dois momentos: “Atlas”, que convida o público a experimentar outras formas de vida, e o “Templo de plástico”, uma estufa de agricultura intensiva cuja terra é trabalhada por migrantes asiáticos.
O espetáculo é financiado pelo Plano Municipal de Integração de Migrantes “Odemira Integra” e pelo FAMI – Fundo para o Asilo, a Migração e a Integração.