Estudantes do ensino secundário mergulham na Física de Partículas
Programa mundial abre aos jovens investigadores uma janela para as fronteiras da física.Nas próximas semanas, estudantes do ensino secundário em todo o mundo são convidados a passar um dia nos institutos e universidades mais próximas.O IPBeja participa neste programa no dia 12 de março, em que espera receber 35 estudantes das escolas da região.
As Masterclasses Internacionais em Física de Partículas dão aos estudantes a oportunidade de serem físicos de partículas por um dia.
Numa Masterclass, os participantes analisam dados reais recolhidos nas experiências do acelerador LHC do CERN, sob a supervisão de físicos. Este ano, as Masterclasses decorrerão entre Fevereiro e Abril, atraindo estudantes de mais de 40 países de todo o mundo.
A Física de Partículas é uma das áreas emergentes mais importantes em ciência. A Descoberta do bosão de Higgs no LHC em 2012 teve grande eco nos media e originou um grande interesse do público. As Masterclasses Internacionais em Física de Partículas vão ao encontro deste interesse e oferecem aos estudantes de escolas secundárias a possibilidade de explorarem esta área na fronteira da investigação em física fundamental, trabalhando com dados reais recentemente recolhidos nas experiências no LHC.
A ideia fundamental do programa anual é levar os estudantes a vestir a pele de um cientista e trabalhar como os físicos na realidade. “Os estudantes ficam com uma ideia de como se faz hoje a investigação em física moderna, trabalhando diretamente com físicos de partículas e usando dados reais das colisões no LHC”, disse Michael Kobel, professor de física na Universidade Técnica de Dresden e responsável pelo programa internacional.
Quatro experiências – ATLAS, CMS, ALICE e LHCb – disponibilizaram parte dos seus dados para fins educativos no âmbito deste programa. Os participantes analisam os resultados das colisões entre protões que viajam ao longo dos 27 km do acelerador a velocidades muito próximas da velocidade da luz no vazio. Os estudantes podem redescobrir o bosão Z ou a estrutura do protão, reconstruir partículas “estranhas” ou medir a vida média da partícula D0. Um dos pontos altos é a procura de bosões de Higgs.
As experiências ATLAS e CMS incluíram nos dados reais acontecimentos selecionados como possíveis bosões Higgs para os estudantes procurarem esta partícula rara, esquiva e de vida muito curta. “Durante este dia, os estudantes compreendem como umadescoberta científica pode ser anunciada”, salientou o Prof. Kobel.
Cientistas em 210 universidades e laboratórios em 45 países em todo o mundo recebem as Masterclasses Internacionais em Física de Partículas nas suas instituições.
Novos participantes no programa vêm da Argentina, India, Peru, Portugal, Eslovénia e Venezuela. A participação mundial reflete a colaboração internacional em física de partículas. Para simular o ambiente de trabalho científico real, cada Masterclass termina com uma videoconferência, em que grupos de estudantes de diferentes institutos e países se ligam a dois moderadores no CERN (Genebra, Suíça) ou Fermilab (Batavia, Illinois, USA) para combinar e discutir os respetivos resultados.
Podem também questionar os moderadores, numa sessão de perguntas e respostas.
As videoconferências terminam geralmente com um questionário lúdico sobre física de partículas. Mais de 60 físicos ofereceram-se como voluntários para serem moderadores nas videoconferências no CERN e no Fermilab.
O IPBeja participa neste programa no dia 12 de março, em que espera receber 35 estudantes das escolas da região. Francisco Serafim, professor de física, aguarda este acontecimento com entusiasmo: “Os alunos adoram o programa. Entusiasmam-se com a análise de dados reais do LHC e com a possibilidade de dialogar com os físicos no CERN”.
As Masterclasses Internacionais em Física de Partículas são lideradas pela Universidade Técnica de Dresden e pela rede Quarknet, numa colaboração muito próxima com o grupo IPPOG (International Particle Physics Outreach Group).
O IPPOG é um grupo independente de divulgadores de ciência, representantes dos países envolvidos na investigação que se realiza no CERN e noutros laboratórios de investigação de nível mundial.
O objetivo do grupo é tornar a física de partículas mais acessível ao público.