Europeias: Temido 30 metros abaixo da terra e com a força da canção dos mineiros de Aljustrel
A descida 30 metros abaixo da terra no parque mineiro de Aljustrel e a “força da canção” destes trabalhadores com sotaque alentejano deram hoje à socialista Marta Temido a certeza que “não há ninguém que se possa deixar ficar para trás”.
Foto: PS
Ainda pela fresca de um dia cujos termómetros prometem subir hoje no Alentejo, a cabeça de lista do PS às europeias chegou pontualmente ao parque mineiro de Aljustrel e, equipada a rigor de capacete, colete refletor e proteção para os sapatos, desceu abaixo da terra para dar a conhecer os problemas dos mineiros.
Após descer por um elevador que fez várias viagens para levar toda a comitiva até às galerias, podia ver-se a projeção nas paredes da mina de imagens antigas a preto e branco que mostravam o quanto o trabalho dos mineiros evoluiu.
Durante a visita à recriação de um fundo de mina, Marta Temido simulou um rebentamento, idêntico ao que ainda ocorre diariamente nas minas que estão ativas e que empregam cerca de 1.200 trabalhadores.
Parou ainda junto a uma imagem de Santa Bárbara, a padroeira dos mineiros e que, “também serve para os políticos”.
“É um espaço cheio da nossa história e é muito bom pôr os pés na terra e sair de espaços mais mediáticos", referiu.
Às mulheres dos mineiros, que outrora lhes levavam as refeições, deixou uma palavra de admiração, já que o faziam “mesmo quando eram perseguidas e fugiam da Ramona (Pide)”.
A caravana seguiu para o Café Confiança, já muito concorrido em dia de feriado para quase todos e ainda na esplanada ouviu de um grupo de homens alentejanos uma canção de Aljustrel.
“Posso pedir uma coisa? E não é um café”, perguntou, ouvindo de um dos cantores se era “uma cervejinha”, o que gerou risos.
O pedido de Temido era para ouvir o hino dos mineiros de Aljustrel, uma vontade atendida num momento que não deixou ninguém indiferente.
“Depois da força desta canção não há ninguém…”, começou a dizer, para ser interrompida por um dos senhores que terminou a frase com um “que bata a gente”.
A candidata aproveitou a deixa e concluiu: “que bata a gente e não há ninguém que se possa deixar ficar para trás”.
Temido seguiu para o interior e pedindo desculpa pela invasão, da parte de dentro do balcão – no meio de repórteres de imagem e fotojornalistas – recebeu um café, vários “dedos de conversa”, mas também um agradecimento.
“Já agora obrigada pelo trabalho que fez”, agradeceu uma senhora, falando da pandemia.
Marta Temido atirou um “deixe lá isso” porque “agora o que interessa é o que falta fazer".
“Até porque as mulheres olham para a frente, não olham para trás”, declarou, enquanto na televisão, sem som e no fundo do café, passavam imagens de outros candidatos, como por exemplo o opositor da AD, Sebastião Bugalho, cujas críticas Temido se tem escusado a alimentar.
A caravana seguiu – mais beijinhos, mais fotos, mais agradecimentos – e desceu uma rua, parando junto a uma porta onde estava um senhor e, sem saber que se tratava da sede do PCP, lhe entregou um panfleto e até brincou pelo mata-moscas que trazia na mão.
“Não tinha percebido. Na mina, uma das coisas de que falamos é que esta é uma terra que deve um grande respeito ao trabalho também do PCP, em termos de sindicatos. Depois fizemos percursos diferentes, vamo-nos encontrando, mas há valores como o valor da defesa do trabalho que temos em comum. (...) E o senhor foi uma simpatia. Até nos convidou para uma feijoada”, respondeu aos jornalistas.
À chegada do jardim onde decorreu um encontro-conversa sobre temas da igualdade, a cabeça de lista tinha o grupo de cantares feminino de Aljustrel, de rosa, e foi até desafiada a “pôr aqui o bracinho” e cantar com elas.
“Há uma coisa que não sabem. Sou terrivelmente desafinada. Estava a aproveitar a companhia das moças e é uma honra estar aqui no meio das moças. Vamos falar de mulheres. São uma peça fundamental da vida das nossas sociedades, mas eu cantar não posso porque senão vocês fugiam todos e não conseguia qualquer voto”, brincou.