A mostra, intitulada “Carvão Só, Só Carvão”, está patente na Casa da Cultura, até dia 31 deste mês, e mostra imagens de desenhos feitos com pó de café, explicou a Câmara de Beja, em comunicado.

A iniciativa é fruto de um projeto artístico conceitual de Di Barros, brasileira residente em Portugal, com “forte inspiração da música ‘Pagú’, da cantora de rock brasileira Rita Lee”.

“A proposta considera as histórias de mulheres que foram assassinadas” e está interligada com a “minha experiência pessoal neste campo de violência, onde as vítimas não sobreviveram para contar a sua história”, disse a artista, citada pelo município.

Os trabalhos abordam as mortes da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, “assassinada em 2018, com três tiros na cabeça”, e de Eliza Samudio, “assassinada aos 25 anos, em 2010”, e cujo “mandante do crime” foi um ex-futebolista, pode ler-se nas informações sobre a exposição.

Também em foco estão duas mortes ocorridas em Portugal, a da portuguesa Valentina, a “menina de nove anos assassinada no dia 06 de maio de 2020 pelo pai, na presença da madrasta”, e a da brasileira Camila Mendes, de 30 anos, “morta à facada pelo namorado” e cujo corpo, “em outubro de 2019, foi encontrado numa mala de viagem em Arruda dos Vinhos”.

Além destes casos, Di Barros também dá a conhecer, através da arte, a sua própria história, visto que, no passado, “após terminar com o namorado, teve suas fotografias íntimas divulgadas em redes sociais, como um presente pelos 31 anos”, e recebeu ameaças de morte, acabando por mudar-se com os filhos para Portugal.

Segundo a artista, o objetivo passa por “dar voz às mulheres que foram silenciadas e mostrar que os crimes cometidos contra as mulheres são transversais a todas as idades e classes sociais”.

“Não se trata aqui de uma última homenagem, mas sim de um protesto”, realçou.

Nascida na cidade brasileira de Vitória, em 1984, a artista licenciou-se em Artes Visuais, em 2012, pela Universidade Federal do Espírito Santo, frequentando, já em Portugal, o mestrado em Práticas Artísticas em Artes Visuais da Universidade de Évora.

As suas instalações fotográficas “assentam em factos autobiográficos que, de grosso modo, assolam muitas mulheres brasileiras imigrantes”, disse a autarquia.

“Nas narrativas, imagéticas ou escritas, das suas instalações, são destacadas experiências, vivências e perceções que adotam muitas vezes o seu corpo como suporte. Estas procuram ser um ponto de partida para inquietar e chamar a atenção das pessoas para assuntos que tendem a ser silenciados”, resumiu.


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