Festival Islâmico apresenta novo Hammam e Casa de Chá
O novo Hammam e Casa de Chá, em pleno centro histórico de Mértola, vão ser apresentados no âmbito do Festival Islâmico, que decorre a partir de hoje e até domingo. Os Hammam’s e as Casas de Chá são parte integrante da cultura islâmica.
Com inauguração prevista para outubro, mas com a Casa de Chá já em
funcionamento, durante os três dias do Festival vai ser possível conhecer em
antemão o espaço reabilitado (Casa Cor-de-Rosa) e desfrutar das várias
iniciativas disponíveis como oficinas de cosmética natural, yoga facial,
remédios e “mézinhas”, a uma experiência gastronómica pela chef Sahima Hajat,
vencedora do Masterchef 2023.
Entende-se por Hammam, um espaço de banhos e rituais
que se acreditam purificantes tanto de corpo como de alma. Associado ao ritual
de Hammam está sempre o chá, pois é parte integrante do mesmo. No final dos
banhos e terapias inerentes, o banhista terá de repor os seus líquidos perdidos
durante o ritual através dos chás.
O consumo do chá pela população da região do Norte de África acredita-se centenária. Para os árabes, o Salão de Chá é um local de receber convidados, relaxar e socializar. A toma do chá envolve todo um ritual de preparação e consumo, sendo muito importante a forma como é servido. Também a louça é parte essencial no ritual, o chá deve ser preparado em bule metálico e, posteriormente, servido em copos devidamente decorados. É importante ter em conta que cada chá deve ter a sua louça, faz parte do ritual. Para os árabes, o chá é um símbolo de hospitalidade, boas-vindas e sociabilidade, devendo sempre causar boa impressão aos convidados e deve ser acompanhado de doces típicos.
A “Casa Cor de Rosa” revela-se um espaço cheio de história, este edifício faz parte da memória coletiva da vila, mandado construir por Manuel Francisco Gomes, no século XIX, comerciante e proprietário de barcos de transporte no Guadiana. O piso de baixo era utilizado como armazém para fins comerciais, já o piso de cima era exclusivo para a habitação.
Mais tarde, este palacete passou para as mãos do seu
filho, o famoso “Doutor Gomes” um reconhecido médico em toda a região, que para
além de habitar a casa, aqui formou um pequeno consultório, devidamente
equipado para a época, onde dava grande parte das suas consultas. Desde a cura de simples constipações até à
valia de arrancar dentes, muitos são aqueles que guardam memórias da casa e das
diligências do Dr. Gomes, conhecido por dominar várias especialidades médicas.
Todo o projeto de reabilitação desta edificação liderado pelo Arquiteto José
Alberto Alegria, revela uma preocupação em manter o rigor e respeito pelo sítio
e a sua envolvente. Este edifício viu recuperados muitos dos seus detalhes
arquitetónicos e decorativos de outrora, nomeadamente madeiramentos, abóbadas,
arcarias, gradeamentos e painéis decorativos bem como a sua grande chaminé.
Grande parte estão interligados com novas estruturas de apoio de modo a
reforçar a construção e a proporcionar uma maior segurança ao edifício. Sem
esquecer as acessibilidades que foram contruídas para que seja possível o
acesso a pessoas com mobilidade condicionada.