O Utopia Ensemble vai interpretar obras da polifonia europeia. Antes, no sábado à tarde, realiza-se uma visita ao património judaico da vila, do qual sobressai uma judiaria. A ação de biodiversidade decorre no domingo de manhã, na Serra de S. Mamede, que tem 1.025 metros de altura.
O ensemble Utopia, formado pelos músicos Alice Foccroulle (soprano), Bart Uvyn (contratenor), Adriaan De Koster (tenor), Lieven Termont (barítono) e Guillaume Olry (baixo), integrado na linha de interpretação historicamente fundamentada, vai apresentar um repertório de peças do século XVI e inícios do século XVII, sob o título “Porque Vagueias, Alma Minha?", dedicado à polifonia europeia do Renascimento e do Maneirismo.

“O programa alicia com uma combinação do canto gregoriano e obras fundamentais de grandes compositores europeus. Destacam-se, muito justamente, numa terra fronteiriça, as obras do português Pedro de Cristo (‘Tristis est anima mea’) e do espanhol Cristóbal de Morales (quatro ‘Lamentatio’), sendo ainda interpretadas peças do francoflamengo Josquin Desprez e do holandês Caspar van Weerbecke”, segundo a apresentação do concerto.

Sob o signo da presença judaica em Castelo de Vide, a actividade de património, de hoje, propõe um périplo pela vila guiados por Carolino Tapadejo, tendo como mote “De Volta a Casa: Memórias Judaicas de Castelo de Vide

D. Pedro I concedeu ao seu físico, Mestre Lourenço, terras em Castelo de Vide. No século XV, vários documentos atestam já a existência de uma comunidade judaica nesta vila, cuja prosperidade derivava da vizinhança com Castela. A Judiaria cresceu numa encosta íngreme, entre a Porta da Vila, no castelo, e a Fonte da Vila, onde ruas e “ruinhas” guardam reminiscências das famílias que aí viveram. Muitas outras se lhes juntaram, vindas de além-fronteira, a partir de 1492. Datará de então o seu apogeu mercantil e artesanal. Mas não só nas artes e ofícios se notabilizaram os judeus castelo-videnses, brilhando também na botânica e na medicina, como provam os nomes de Garcia de Orta e Mestre Jorge. Após a conversão forçada, em 1496, os cristãos-novos sofreram as perseguições do Santo Ofício ou exilaram-se. Porém, a memória colectiva e a paisagem urbana guardam reminiscências desses tempos áureos. A despeito da renovação que foi sofrendo, a Judiaria apresenta ainda elementos característicos, v.g., as velhas calçadas, a toponímia original e a singular arquitectura, de que faz parte a antiga sinagoga.

A 17.ª temporada do Festival, organizado pela associação Pedra Angular, prossegue em Sines (21 e 22 de agosto), Ferreira do Alentejo (04 e 05 de setembro), Viana do Alentejo (11 e 12 de setembro) e Odemira (18 e 19 de setembro).


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