Fórum em Odemira debate o “saber-fazer” tradicional
O futuro das práticas tradicionais e a forma como a produção artesanal pode ser integrada na educação vão estar em discussão, esta sexta-feira e sábado, durante um debate em Odemira.
Foto: Câmara Municipal de Odemira
Integrada na edição de 2024 do Fórum Artes e Ofícios, dinamizada pela plataforma Origem Comum e promovida pela Câmara de Odemira, a iniciativa é dedicada ao tema “Transmitir o Fazer”.
No Cineteatro Camacho Costa vão estar artesãos, designers, agentes das indústrias criativas, profissionais, investigadores e especialistas das artes e ofícios, cultura, ensino e património “para debater e partilhar ideias e experiências sobre a educação artesanal e as práticas tradicionais”, revelou a organização, em comunicado.
“Queremos criar uma conversa quase informal, quase horizontal, entre todos” e “debater como é feita a aproximação [das práticas tradicionais e artesanais] à educação e à sociedade civil”, explicou hoje à agência Lusa Álbio Nascimento, um dos curadores do fórum, juntamente com Kathi Stertzig, com quem delineou a Estratégia Nacional para as Artes e Ofícios Tradicionais.
Segundo este designer, o objetivo do evento é “manter estas artes vivas” e dar-lhes “utilidade no mundo contemporâneo”.
O debate agendado para o fim de semana integra o programa da edição deste ano do Fórum Artes e Ofícios, que decorre ao longo dos meses de junho e julho no concelho de Odemira, no litoral alentejano, tendo os Açores como região convidada.
A iniciativa, dinamizada pela plataforma Origem Comum e promovida pela câmara municipal, é organizada pela CACO – Associação de Artesãos do Concelho de Odemira e conta com parceria da Direção-Geral das Artes, através do Programa Nacional Saber Fazer e do Plano Nacional das Artes.
No ‘centro das atenções’ tem estado “a valorização das artes e ofícios vernaculares e a importância da transmissão do conhecimento artesanal e o seu impacto sociocultural e económico na promoção de sociedades mais equitativas e sustentáveis”.
Nesse âmbito, o programa tem contado com oficinas dedicadas a fibras naturais, como o buinho, o vime ou o esparto, e também com exposições, ‘workshops’, performances e diversas “atividades satélite”, promovidas por parceiros locais.
“Desde a inauguração, tem sido um sucesso”, afiançou Álbio Nascimento.
Questionado pela Lusa sobre as metas do Fórum Artes e Ofícios, o curador da iniciativa explicou que a ambição passa por “provocar alguma discussão sobre o que são os benefícios da aprendizagem através da prática manual”.
“Vivemos num mundo cada vez mais bidimensional e estamos a esquecer o que são as raízes culturais dos lugares”, defendeu, lembrando que, em Portugal, existe “um património do saber-fazer tradicional que é quase único na Europa”.
Por isso, o fórum pretende debater “a forma como estamos a fazer a transmissão de conhecimento das artes tradicionais”, disse.
“Depois, temos outra linha de discussão sobre os benefícios de aproximar a sociedade e a educação formal destas práticas, ou seja, sobre como podemos voltar a ter a presença destas práticas manuais artesanais locais nas escolas”, concluiu.