O presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, disse ter recebido a garantia do Governo de que, em maio, será reaberta ao mar a Lagoa de Santo André, após duas tentativas “falhadas”.

Em comunicado enviado à agência Lusa, o município disse que Álvaro Beijinha recebeu a “garantia” da parte do secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, Hugo Polido Pires, de que o processo de abertura da Lagoa de Santo André ao mar “será repetido, durante o mês de maio, em data a definir”.

No entender da autarquia, a operação, da responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente (APA)/Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Alentejo, registou, este ano, “falhas" que "comprometem a saúde dos ecossistemas e a economia local".

Numa carta enviada à tutela, na semana passada, a câmara sublinhou que "esta ação é fundamental para a renovação da água da Lagoa, importante para o aumento da oxigenação, redução da eutrofização e estratificação e para a entrada e saída de peixe, assim como do ecossistema lagunar".

"A falta de ligação ao mar também afeta a comunidade piscatória da reserva, a atividade económica da restauração, que se dedica em grande medida à confeção da enguia, prato 'ex-líbris' na freguesia de Santo André, e do turismo pois pode colocar em causa a qualidade da água para a prática balnear", argumentou.

Perante este cenário, a autarquia fez "um apelo à urgente intervenção do Ministério do Ambiente" para que, junto da APA, "fosse agendada nova abertura da lagoa em momento favorável".

A resposta do governante "surge após as preocupações manifestadas pela câmara municipal, junta de freguesia de Santo André e comunidade local, às entidades competentes, perante as operações falhadas de abertura da Lagoa”, nos dias 07 e 11 deste mês, “que permitiram apenas a ligação ao mar por algumas horas", referiu o município.

Esta situação esteve na origem da criação de um movimento cívico, constituído por residentes, pescadores, dirigentes de várias associações e autarcas, que alertou para “a saúde pública, a economia local e o valor ambiental” desta reserva natural.

Contactado pela Lusa, o porta-voz do Movimento Cívico em Defesa da Lagoa de Santo André, Rogério Bruno, revelou preocupações pela “atitude inquietante” dos organismos responsáveis pela abertura da lagoa.

No seu entender, estas entidades realizam a operação “de uma forma leviana” e “sem se basearem em estudos e em coisas importantes que é preciso analisar no processo de abertura e na escolha da data”.

“Não se percebe o porquê destes erros sucessivos”, afirmou o também presidente da Associação da Lagoa de Santo André e Brescos (ALSAB), uma das entidades que integra o movimento cívico.

O responsável disse ver “com bons olhos” a reabertura da lagoa em maio, mas expressou receios pela forma como o processo possa vir a ser conduzido.

“É sempre bom abrir, o pior que pode acontecer é não abrir, agora é preciso ser bem feito. Isso é muito importante e isso também nos preocupa e vamos tentar acompanhar o processo e dar o nosso contributo o melhor que podemos”, concluiu.


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