O contrato de financiamento que permitirá a construção do Centro de Acolhimento para Refugiados Nuno Álvares Pereira, situado em Azinheira dos Barros, no concelho de Grândola, já foi assinado entre a Fundação e o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).

Apesar do nome, o centro não limitará a resposta a pessoas refugiadas, respondendo a “uma necessidade” local mais abrangente, que inclui as pessoas que têm chegado ao Alentejo buscando melhores condições de vida.

“O Alentejo (…) é um território (…) em transformação, com muitas comunidades migrantes”, justifica Pedro Ruas, gestor do contrato para a construção do novo centro, na localidade alentejana onde a instituição de direito canónico assentou fundação em 2014.

Em declarações à Lusa, Pedro Ruas sublinhou a importância de assegurar um acompanhamento “mais profissional” da comunidade estrangeira no Alentejo e destacou que o novo centro terá equipas “altamente especializadas em acolhimento de refugiados”.

O equipamento – orçado em 5,4 milhões de euros, 4,5 dos quais financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e os restantes por fundos próprios da Fundação – incluirá 41 alojamentos, muitos dos quais com capacidade para três e quatro pessoas cada, podendo acolher, no total, duas centenas de pessoas.

Segundo o gestor, após a assinatura do contrato, será aberto o concurso para a empreitada, em setembro, esperando-se que a obra comece antes do final do ano e esteja concluída em final de 2025.

Simultaneamente, a Fundação tem já em construção cinco “habitações de autonomização”, com capacidade para acolher cinco agregados familiares, que espera poder abrir ainda em 2024.

Estas casas destinam-se a migrantes que estejam numa fase posterior, com domínio da língua, integração no mercado de trabalho e filhos na escola.

A Fundação desenhou “um circuito completo” para acompanhar os migrantes e refugiados “desde o momento em que chegam até ao momento em que estão completamente integrados”, explica Pedro Ruas.

“Não havendo resposta de habitação na comunidade”, a Fundação mobilizará os 41 alojamentos e as cinco casas de autonomização até ser encontrada uma “resposta definitiva”, realça.

Mas, antes disso, a Fundação vai começar a receber as primeiras famílias de refugiados, acolhendo-as em casas alugadas, que adaptou para o efeito.

Até final do ano, estima-se que receberá “entre 15 a 20” pessoas refugiadas, indica Pedro Ruas.

O gestor assinala que a comunidade alentejana – inicialmente “hostil” às comunidades migrantes – “está cada vez mais sensível” às necessidades destas populações e empenhada em “garantir respostas integradas”.

A Fundação quer “ajudar à integração” das comunidades migrantes no Alentejo, que tem “uma carência de mão-de-obra brutal, em todas as áreas”, e é um território envelhecido, com escolas a fechar e aldeias a desertificar.

“A chegada da comunidade estrangeira está a transformar todo este território”, observa Pedro Ruas.

“O medo do desconhecido leva a que as pessoas reajam de forma menos preparada e, hoje, depois de alguns anos de transformação do território, (…) as comunidades já estão preparadas para acolher estas pessoas, para as aceitar”, diz.


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