Identificado em Barrancos abrigo de morcegos que poderá ser o maior do género em Portugal
Um abrigo com mais de dois mil morcegos de uma espécie criticamente em perigo, que poderá ser “o maior e mais importante do género em Portugal”, foi identificado numa herdade no concelho alentejano de Barrancos.
O abrigo da espécie morcego-de-ferradura-mourisco foi identificado na Herdade da Coitadinha, no Parque de Natureza de Noudar, naquele concelho do distrito de Beja, precisou a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), em comunicado enviado hoje à agência Lusa.
“Ao fim de quatro anos de investigação”, espeleólogos da EDIA, com a colaboração de um biólogo da Universidade de Évora, conseguiram “confirmar e identificar” o abrigo, que tem “para cima de dois mil” morcegos e “será, provavelmente, o maior e mais importante do género em Portugal”, explicou.
Segundo a EDIA, o abrigo foi identificado durante os trabalhos desenvolvidos no âmbito do apoio que a empresa tem prestado ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) na “monitorização dos abrigos de morcegos de importância nacional” localizados na área do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva e áreas limítrofes.
O apoio tem vindo a ser prestado desde 2007 e já permitiu fazer a avaliação de outros sete abrigos de importância nacional.
No entanto, “só agora, em 2022, e durante a hibernação dos morcegos”, se conseguiu aceder ao abrigo identificado na Herdade da Coitadinha, onde foram contabilizados mais de dois mil exemplares, explicou a empresa.
De acordo com a EDIA, os dados disponíveis em Portugal confirmam a presença da espécie morcego-de-ferradura-mourisco nas regiões Sul e Centro, e, “muito pontualmente, no interior Norte”.
No Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental e no Atlas dos Morcegos de Portugal Continental, a espécie “está entre as que têm um estatuto de conservação muito desfavorável, com uma classificação de criticamente em perigo”, frisou.
Trata-se de uma espécie quase exclusivamente cavernícola e que se abriga sobretudo em grutas e minas abandonadas, explicou a EDIA.
Por outro lado, devido à escassez de abrigos e às condições e características de que necessitam, “é muito frequente a aglomeração” de morcegos desta espécie “num número reduzido de locais”.
Por isso, sublinhou a empresa, a perturbação ou alteração das condições de um único abrigo “pode comprometer uma enorme percentagem de indivíduos desta espécie”.