Jerónimo de Sousa diz que responsabilidade pela situação em Odemira é do primeiro-ministro
O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa, atribuiu responsabilidades ao primeiro-ministro pela situação que se vive em Odemira, que levou já vários partidos políticos a pedirem a demissão do ministro da Administração Interna.
“Há um primeiro e principal responsável pela política que o Governo realiza, que é o primeiro-ministro. É o primeiro-ministro e o Governo que têm de resolver esses problemas, em termos de acerto ou desacerto deste ou daquele ministro", disse Jerónimo de Sousa.
“Portanto, a exigir alguma responsabilidade, é ao Governo e, particularmente, ao primeiro-ministro, independentemente do acerto ou desacerto deste ou daquele ministro”, sublinhou.
O líder comunista falava aos jornalistas à margem da evocação e homenagem ao centenário do nascimento do general Vasco Gonçalves, na Voz do Operário, em Lisboa, com organização da Associação Conquistas da Revolução (ACR).
As freguesias de Longueira-Almograve e São Teotónio, no concelho de Odemira, estão em cerca sanitária desde a semana passada por causa da elevada incidência de covid-19 entre os imigrantes que trabalham na agricultura na região.
Na altura, o Governo determinou "a requisição temporária, por motivos de urgência e de interesse público e nacional”, da “totalidade dos imóveis e dos direitos a eles inerentes” que compõem o complexo turístico ZMar Eco Experience, na freguesia de Longueira-Almograve, para alojar pessoas em confinamento obrigatório ou permitir o seu “isolamento profilático”.
No dia 04 de maio, o presidente do Chega, André Ventura, pediu a demissão do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, por considerar que, com a requisição do empreendimento turístico Zmar, em Odemira, foi atingido “o limite do insuportável”.
Em 07 de maio foi a vez do presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, que pediu também a demissão de Eduardo Cabrita, depois ter sido aceite a providência cautelar interposta por proprietários de casas no Zmar.
Nesse mesmo dia, o líder do PSD, Rui Rio, disse que se fosse primeiro-ministro, o ministro Eduardo Cabrita “não tinha condições para estar no Governo” porque tem tido um desempenho “muito fraco”.
Entretanto, 49 imigrantes que trabalham na agricultura na região foram realojados no Zmar (21) e na Pousada da Juventude de Almograve (28), numa operação que decorreu de madrugada e que alguns acusam de ter sido feita com recurso a uso excessivo de força.
Os advogados da maioria dos donos de casas e da massa insolvente do Zmar consideraram “completamente desproporcional” a “ocupação militar” do complexo turístico pela GNR e acusaram o Governo de “má-fé”.
Por seu lado, Pedro Pidwell, o administrador de insolvência do ZMAR expressou à Lusa opinião idêntica: “É completamente despropositado” e “revela a postura de quem decide”, ou seja, da “má-fé do Governo nesta negociação”.
No domingo, 23 dos 49 trabalhadores agrícolas imigrantes que se encontravam no complexo turístico Zmar e na Pousada da Juventude de Almograve foram realojados em residências disponibilizadas por 12 empresas agrícolas.