Jerónimo de Sousa: PCP teria hoje menos apoiantes se tivesse aprovado o Orçamento de Estado
No seu discurso de encerramento da 10.ª Assembleia da Organização Regional de Beja do Partido Comunista Português (PCP), que durou mais de meia hora, Jerónimo de Sousa ‘apontou baterias’ ao Governo do PS devido à situação económica do país e alertou para o papel que o Alentejo pode desempenhar na produção de cereais.
Jerónimo voltou a elencar os motivos, que segundo afirmou, “estão agora mais visíveis”, que levaram o PCP a votar contra o Orçamento de Estado, criticando ainda a falta de investimento no SNS.
Jerónimo de Sousa diz que a situação do Serviço Nacional de Saúde é hoje pior do que há seis meses quando o PCP tentava negociar com o governo o orçamento de estado. O líder comunista acusa o governo de ter recusado todas as propostas que PCP tentou negociar durante meses.
E usou o exemplo da crise na saúde para dizer que o PCP teria hoje ainda menos apoiantes se tivesse deixado passar o orçamento de estado.
Jerónimo de Sousa, exigiu ao Governo uma “outra atitude” para contrariar “os escandalosos” aumentos dos combustíveis, que deve passar pela regulação e fixação de tetos máximos dos preços.
“É tempo de o Governo tomar outra atitude face aos aumentos escandalosos dos combustíveis, regulando os preços e fixando preços máximos”, defendeu o líder comunista, em Beja.
“Vivemos uma situação em que se adensam as preocupações em relação à evolução da situação económica e social do país, com um forte impacto muito negativo nas condições de vida e nos direitos dos trabalhadores e do povo”, afirmou.
Segundo o líder comunista, é também “tempo” de o Governo socialista tomar outras medidas, como “garantir a reposição da taxa do IVA nos 6% na eletricidade e gás”, criar “um Cabaz Alimentar Essencial” e definir “um preço de referência para cada um dos produtos, com base nos custos reais e numa margem não especulativa”.
A atualização extraordinária para todas as pensões, no montante mínimo de 20 euros por pensionista, ou a adoção de “medidas concretas para assegurar aumentos de salários” foram outras das medidas reclamadas pelo líder do PCP.
“Nada impede [o Governo] de o decidir e fazer, tal como nada o impede de revogar a caducidade da contratação coletiva para facilitar a negociação dos aumentos dos salários em todos os setores”, argumentou.
Mas o que o executivo do PS “se propõe fazer é passar por cima deste problema, com as suas recentes propostas de revisão da legislação laboral, as quais mostram o seu claro compromisso com a política de direita”, criticou.
Sobre a guerra na Ucrânia e as sanções internacionais à Rússia, o líder do PCP considerou que estas “são um grande negócio para o complexo militar industrial, para as grandes transnacionais dos combustíveis e da energia e para os grandes grupos do setor alimentar”.
E “o Governo o que pretende é colocar o fardo da inflação, das atividades especulativas sobre os trabalhadores e o povo”, acusou.
O líder comunista recordou ainda que o partido, ao longo da sua história, “lutou muito e continua a lutar muito pela liberdade e pela democracia”, pelo que não se revê em críticas recentes.
“Esses que proclamam que o PCP é um partido inimigo da liberdade, eles sabem lá o que dizem. Um partido que pagou caro a sua luta pela liberdade, como é que podia querer acabar com ela? Não”, argumentou.
Na sua intervenção o secretário geral dos comunistas falou para dentro do partido com apelos à organização e intervenção. Diz Jerónimo de Sousa que é vital reforçar o PCP e dar-lhe a máxima atenção.