Movimento atribui morte de utente a fecho de urgência de hospital de Serpa durante a noite
O Movimento de Defesa do Hospital de São Paulo, em Serpa (Beja), atribuiu hoje a morte de um utente esta madrugada ao encerramento do serviço de urgência da unidade durante a noite.
Contactada pela Lusa, a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS), Maria Isabel Estevens, explicou que esteve um médico de serviço na unidade hospitalar “até às 00:00” e que entre as 00:00 e as 08:00 não havia serviço de urgência em funcionamento, uma vez que a instituição “não consegue dar resposta” 24 horas por dia.
Ainda segundo a provedora da SCMS, a morte do utente aconteceu às 06:00, sendo que das 00:00 às 08:00 existe um administrativo “em função para que, se existir alguma situação de recurso ao hospital, esse administrativo possa acionar todos os mecanismos e meios de apoio, o que aconteceu”.
Em comunicado, o Movimento de Defesa do Hospital de São Paulo refere que “esta madrugada uma pessoa em estado grave necessitou de cuidados médicos de urgência” e dirigiu-se àquela unidade.
“Contudo, ao chegar o hospital estava encerrado, a pessoa ficou sem assistência e acabou por falecer”, lê-se na nota.
Segundo o movimento, o acordo de cooperação entre o Ministério da Saúde e a Santa Casa da Misericórdia de Serpa, que gere o hospital, refere que a instituição deverá servir a população com um “serviço de urgência avançado 24 horas por dia”.
O Movimento de Defesa do Hospital de São Paulo indica ainda que durante o dia de hoje o serviço de urgência “só abre das 18:00 às 24:00”.
“Está mais do que na altura do Governo encarar este problema e reverter a gestão do hospital para o Serviço Nacional de Saúde. Recordamos que enquanto o hospital esteve no SNS (até 2015) o serviço de urgência não esteve fechado uma única hora”, recorda.
Em declarações à Lusa, a provedora reconheceu que a instituição vive com “dificuldades” relativamente à gestão do serviço de urgência, desde os “últimos anos”.
De acordo com Maria Isabel Estevens, as dificuldades estão relacionados com a disponibilidade dos profissionais de saúde, nomeadamente médicos, e com as dificuldades financeiras com que a Santa Casa da Misericórdia de Serpa se depara, situação que “determina a não disponibilidade dos médicos”.
Maria Isabel Estevens garantiu, porém, que a santa casa tem feito “um esforço” para “inverter” a situação, já que “deixou de ser possível há algum tempo” assegurar um serviço de saúde que funcionasse 24 horas por dia.
De qualquer forma, sublinhou, a instituição “tem feito de tudo” para assegurar um serviço de urgência 16 horas por dia.