Trata-se de um livro composto por 18 poemas-texto que abordam a interação entre os seres humanos e a natureza que conjuga a “realidade ficcionada e a ficção realizada.”

Como surgiu este livro, nas palavras de António Bagão Félix:
Há uns poucos meses, a Ana Paula e eu encontrámo-nos numa rotunda. De palavras, sem semáforos. Ela, com dezoito delicados e sensíveis poemas que havia escrito; eu, com uns apontamentos em prosa, que serviram de apoio a uma participação num colóquio na Universidade do Porto.

Em estimulante troca de ideias, achámos que poderíamos juntar as palavras. A Ana Paula desafiou-me para que, com base nos meus apontamentos, associasse um texto a cada um dos seus poemas. Lembrei-me, então, do que Mia Couto disse, com sageza, sobre a poesia: "é um modo de ler o mundo e escrever nele um outro mundo". Daí, mãos à obra, que é como quem diz ao teclado do computador. Com base nos poemas, escrevi sobre o meu sentir de um outro mundo que também é o mundo: o arbóreo. Convidei uma hipotética árvore e pu-la a testemunhar o seu percurso de existência, entre versos da nossa natureza.
 
Assim, nasceram dezoito pares "poema-texto", ordenados segundo uma perceptível sequência da vida, nas suas multifacetadas e quase paradoxais abordagens humana, botânica, ética, estética e afectiva. Por outras palavras, lançámos uma sementeira onde germinassem palavras de respostas a pontos de interrogação, numa conjugação entre a realidade ficcionada e a ficção realizada.
 
Achámos que este conjunto de uma poesia humana e de uma prosa botânica poderia ser interessante, por via de uma interacção entre nós e a natureza de que também fazemos parte, ou seja, da nossa "casa comum". Procurámos fazê-lo com abertura ao futuro, delicadeza e sensibilidade, quiçá atrevimento.
 
Depois, surgiu a ideia de publicar estes textos, ainda que com características editoriais não padronizadas. Às palavras juntámos sensíveis cianotipias de Nuno Abelho. E, assim, chegámos a uma topiária poética, talhando azevinhos de adjectivos, loureiros de verbos, madressilvas de substantivos e hibiscos de cianotipias.
 
E assim se fez este livrinho, com dezoito entradas e outras tantas janelas. Para o mundo contido no Mundo. Ou, como a Ana Paula diz num dos seus poemas, para "ver o mundo a rodar / vivo, animado, colorido /com significado".

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