Odemira: Espetáculo de rua quer promover inclusão de migrantes pelas artes
A coreógrafa Madalena Victorino apresenta, esta quinta-feira, em Odemira, o espetáculo “Bowing Back”, que cruza as culturas do “novo Alentejo” e quer promover a inclusão dos migrantes que trabalham neste concelho através das artes.
Trata-se de um espetáculo de dança, música e palavra, com direção artística de Madalena Victorino, que, além de ser apresentado na quinta-feira, vai também ‘animar’ as ruas de Odemira em mais dois dias, no sábado e no domingo, sempre às 19:00.
“É um espetáculo sobre o desconforto que tantas vezes existe nesta situação dos migrantes que aqui estão e que tentam encontrar uma vida melhor no nosso país e que nós, enquanto população local, não sabemos muito bem como lidar com isso”, explicou hoje à agência Lusa a coreógrafa.
Nesse sentido, continuou, o espetáculo pretende “criar zonas de conforto” onde todos se possam “sentir bem” e onde a chegada de orientais ao país seja vista “como uma mais-valia e algo muito positivo”.
Concebido para percorrer, ao longo de quase três horas, as ruas desta vila alentejana, a partir do jardim ribeirinho do Mira, “Bowing Back” conta com a participação de quase 20 artistas.
A estes, para a conceção do espetáculo, juntaram-se dezenas de migrantes provenientes da Índia, Nepal, Bangladesh e China, assim como alguns europeus que também trabalham no concelho, nomeadamente na agricultura.
“É um coletivo que vai até às 70 pessoas, de todas as idades, dos 06 aos 70 anos, num cruzamento de gerações que me parece muito interessante” e que é “uma grande aventura”, revelou Madalena Victorino.
São todos estes intérpretes que vão tentar transmitir aos espetadores uma “ideia de cruzamento, de mistura, de convivência e estarmos bem com o mundo que temos hoje”, sublinhou a diretora artística do projeto.
A coreógrafa acrescentou que tentou “trabalhar a integração e a inclusão social através das artes”, ambicionando também dar a conhecer ao público “um pouco melhor” a cultura e a religiosidade da comunidade Sikh, “que já tem 4.000 a 5.000 pessoas no concelho de Odemira”.
A língua é outro dos aspetos trabalhados no espetáculo, por ser “um dos grandes problemas que existem na problemática da integração”, disse.
“Fizemos questão de estar muito atentos à questão da compreensão e da aproximação entre todos a partir de uma estratégia de conseguirmos falar em várias línguas”, frisou.
“Bowing Back” assinala o final de um projeto financiado pela Câmara de Odemira, no âmbito do Plano Municipal de Integração de Migrantes “Odemira Integra”, e pelos programas operacionais Alentejo 2020 e Compete 2020.
A iniciativa conta igualmente com os apoios da Direção-Geral das Artes, do Fundo para o Asilo, pela Migração e a Integração, do Alto Comissariado para as Migrações, das fundações Calouste Gulbenkian e la Caixa e da Junta de Freguesia de São Teotónio (Odemira).
No âmbito do projeto, foi apresentado, em novembro de 2021, em São Teotónio, uma das freguesias deste concelho alentejano, o espetáculo “Bowing”, seguindo-se agora a vez de “Bowing Back” em Odemira.
O evento faz parte da programação da iniciativa “Lavrar o Mira e a Lagoa – As Artes Além Tejo”, produzida pela cooperativa cultural Lavrar o Mar, com sede em Aljezur (Faro).