A organização não-governamental (ONG) trabalha “há mais de 20 anos” na região de Nampula, lembrou Ana Sanches em declarações à Lusa, e o ciclone que matou mais de 60 pessoas no início de março acabou por destruir, também, uma boa parte do legado da associação na “valorização daquele território”.

“Houve uma devastação geral e muitas das infraestruturas e dos projetos desenvolvidos no passado, ou que estavam a decorrer, foram afetados. Nomeadamente escolas, maternidades e partes do centro de saúde que tinham sido construídas pela ADPM”, exemplificou.

Por isso, a ONG apelou, através de um comunicado, para a “doação de donativos e bens materiais que serão remetidos para aquela região”.

A campanha dura até 15 de junho e pretende recolher “roupa de verão para bebés, crianças e adultos”, assim como material escolar, nomeadamente “manuais em bom estado, com menos de três anos, canetas, lápis borrachas e cadernos”.

Também está a ser recolhido material médico e medicamentos como paracetamol, Brufen, Betadine, Biafine, luvas e gaze, que podem ser entregues na sede da ADPM, no Largo Vasco da Gama, em Mértola.

“Os bens serão dirigidos a crianças e jovens, nomeadamente a roupa e os medicamentos, assim como o material escolar, porque não o têm para retomar as atividades letivas”, especificou Ana Sanches.

Relativamente aos donativos, a coordenadora da ADPM frisou que o valor a angariar depende unicamente “da contribuição de quem quiser participar” e será aplicado na reabilitação de infraestruturas afetadas pelo ciclone.

“Já iniciámos a reabilitação de algumas infraestruturas e o que conseguirmos apurar será para reforçar. Já estamos a reconstruir uma das maternidades e esperamos fazê-lo também com outros espaços de saúde”, precisou.

Nos últimos 20 anos, a ADPM “tem construído escolas, maternidades e formado associações” na região de Nampula, trabalhando atualmente “na parte da agricultura, do património e da valorização do território”.

Trata-se de uma zona que “tem já por si bastantes debilidades” e que a devastação provocada pelo ciclone Gombe veio agravar.

“É uma zona com graves problemas em termos de nutrição, onde há uma generalização da desnutrição infantil e tudo isto veio agravar esses problemas e obrigar-nos a recomeçar do zero”, desabafou Ana Sanches.

O ciclone Gombe, que atingiu o centro e norte de Moçambique em março, provocou a morte de mais de 60 pessoas e destruiu total e parcialmente 95.500 habitações, além de danificar 69 unidades hospitalares, 129 estradas e 2.748 postes de energia.

O Gombe atingiu Moçambique três anos depois de os ciclones Idai e Kenneth terem fustigado, respetivamente, as regiões centro e norte do país naquela que foi uma das mais severas épocas chuvosas de que há memória.

 

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