Parlamento debate a 15 de setembro proposta de proteção e valorização do Barranquenho
O Projeto de proteção e valorização do barranquenho apresentado pelos deputados do PS eleitos por Beja, Pedro do Carmo e Telma Guerreiro, é debatido no Plenário da Assembleia da República no próximo dia 15 na primeira reunião da 3ª sessão da XIV legislatura.
O Partido
Socialista quer que o “Barranquenho seja protegido e valorizado como expressão
da diversidade cultural de Portugal, marca da identidade de uma comunidade.”
O projeto de lei sustenta que o “Estado Português deve reconhecer o direito a cultivar e promover o Barranquenho, enquanto património cultural imaterial, instrumento de comunicação e de reforço de identidade da população de Barrancos, reconhecendo ainda o direito à aprendizagem do Barranquenho, nos termos a regulamentar, em articulação com a autarquia local e o agrupamento de escolas.”
Os deputados recordam que “o Barranquenho, uma língua híbrida, ainda que sem tradição escrita, única no mundo pelo seu carácter misto de português e espanhol, falado pelos cerca de 1300 residentes e por todos os naturais do Concelho há vários séculos, constitui, pois, um lugar de encontro de culturas peninsulares” e “guarda um resquício da literatura oral peninsular e, provavelmente, o último vestígio das origens da cultura musical procedente da zona nordeste portuguesa, entre muitas outras especificidades, relacionadas com as tradições orais, musicais, culturais, costumes, culinária, artesanato, formas de fazer…”
Para os deputados socialistas “a vitalidade que o Barranquenho evidencia não permite, contudo, afastar todas as ameaças que pairam sobre a sua subsistência. Em primeiro lugar, e como resulta da abordagem adotada pela UNESCO na avaliação da matéria, qualquer língua falada por menos de 5000 pessoas tende a considerar-se ameaçada, pelo que a evolução dos atuais números de falantes do Barranquenho é um primeiro motivo de preocupação. A esta realidade acresce o facto de o envelhecimento dos falantes e o desaparecimento da geração mais velha poderem traduzir-se na perda irreparável deste património linguístico caso se verifique uma ausência da adoção de medidas.”
É ainda considerado que “dar Voz ao Baixo Alentejo é também contribuir para que a diversidade e singularidade da realidade das comunidades e dos territórios possam perdurar no tempo. Só uma comunidade que preserva o passado pode ambicionar ter o futuro em modo pleno.”