Paulo Arsénio considera a sua reeleição “um facto histórico”
O presidente reeleito da Câmara de Beja, o socialista Paulo Arsénio, considerou “um facto histórico” a sua reeleição nas autárquicas de domingo, por ter conquistado um segundo mandato consecutivo, e apesar de ter perdido a maioria absoluta.
No domingo, “o PS foi reconduzido na presidência da Câmara Municipal de Beja, é um facto histórico, é a primeira vez que o PS terá dois mandatos [consecutivos] em Beja, nunca tinha acontecido”, afirmou hoje à agência Lusa Paulo Arsénio.
Beja “é o município mais exigente a nível nacional”, porque “há 20 anos” e “cinco mandatos” que “nenhum presidente da câmara era reeleito”, frisou, referindo que a sua reeleição “só significa” que o trabalho do PS neste mandato “teve que ser realmente muito positivo” e com “muita qualidade”.
Nos últimos 20 anos, o poder na Câmara de Beja tem estado em regime de ‘pingue-pongue’, já que nenhum presidente conseguiu a reeleição e tem havido alternância de poder entre CDU e PS.
O último presidente a 'segurar' o município por mais do que um mandato foi José Manuel Carreira Marques (CDU), que tinha sido eleito em dezembro de 1982, tomado posse em janeiro de 1983 e saído em 2005.
Desde então, os presidentes da câmara só ocuparam o lugar durante um mandato: Francisco Santos pela CDU (2005-2009), Jorge Pulido Valente pelo PS (2009-2013) e João Rocha pela CDU (2013-2017).
A tradição foi quebrada hoje, já que Paulo Arsénio, eleito em 2017 para um primeiro mandato, recandidatou-se e conseguiu a reeleição, pondo fim ao ‘pingue-pongue’ de poder entre CDU e PS.
“Pela primeira vez, o PS vai ter oportunidade de fazer oito anos à frente da Câmara Municipal de Beja, o que nunca tinha acontecido”, reforçou, referindo que o PS também conquistou a maioria das juntas e uniões de freguesia do concelho.
Segundo Paulo Arsénio, “pela 1.ª vez desde 1976”, aquando das primeiras eleições autárquicas, “a CDU deixou de ser maioritária no número de uniões e juntas de freguesia do concelho”.
Apesar de ter conseguido a reeleição de Paulo Arsénio como presidente, com 39,14% dos votos, o PS perdeu a maioria absoluta na Câmara de Beja e vai passar dos atuais quatro para três eleitos.
A CDU, através da candidatura de Vítor Picado, atual vereador sem pelouro, obteve 32,84% dos votos e elegeu três dos sete elementos do executivo , mantendo-se como segunda força política.
A coligação PSD/CDS-PP/PPM/IL/A, com 18,53% dos votos, conseguiu eleger o cabeça de lista Nuno Palma Ferro e recuperou à custa do PS o único lugar que tinha na autarquia (perdido em 2009).
Sobre a nova composição do executivo, Arsénio disse tratar-se de “uma situação normal”.
“Foi assim que o eleitorado decidiu, teremos [PS] de fazer compromissos, mas a oposição [CDU] também terá de assumir responsabilidades que, nestes primeiros quatro anos, nunca quis assumir”, afirmou.
Em declarações à Lusa, Vítor Picado, lamentou o resultado, referindo que, “de facto, a CDU não conseguiu recuperar” a câmara”.
“Não era este o resultado que desejávamos, naturalmente”, disse, frisando que há “uma nova realidade”, ou seja, “a perda da maioria absoluta por parte do PS na Câmara de Beja”.
Para tal, “muito contribuiu o trabalho dos candidatos” da coligação PCP/PEV, frisou Vítor Picado, referindo que, contudo, “a população decidiu não dar ainda a vitória à CDU”.
A partir de hoje, a CDU continuará “de cabeça erguida a apresentar propostas pela positiva”, disse.
Nas autárquicas de domingo, a candidatura do Chega à Câmara de Beja obteve 5,44% dos votos, ficando em quarto lugar e à frente do Bloco de Esquerda, que obteve 1,69%, sendo que ambas não conseguiram eleger qualquer vereador.