O PCP afirma, na exposição dos motivos que levam à apresentação deste Projeto de Lei, que “o dialeto barranquenho, falado em Barrancos, é uma variedade do português meridional (o alentejano) com fortes traços das variedades meridionais espanholas (andaluzas e extremenhas)” e que “a origem desta fala provavelmente esteja relacionada com os assentamentos na Idade Média em torno ao Castelo de Noudar, de súbditos do reino de Castela, em terras hoje portuguesas.”

Na Vila de Barrancos, segundo o PCP, “é possível ouvir três sistemas linguísticos diferentes: o português–variedade alentejana; o espanhol-variedade andaluza ou extremenha e o barranquenho propriamente dito” e o “espanholismo que se vê refletido em múltiplas vertentes da cultura de Barrancos, foi consolidado pelo elemento linguístico, o barranquenho, que geracionalmente tem contribuído para resistir a qualquer forma de anular a fusão que sempre se verificou entre os dois países, mas que nunca fez perder a noção de nacionalidade."

De acordo com o PCP “reconhecendo-se a importância do dialeto barranquenho como fator de identidade e especificidade do povo de Barrancos, e principal gerador da diversidade cultural no seio da República Portuguesa, assume a responsabilidade de valorizar a sua função, de apoiar medidas que preservem a sua natureza, com intervenções adequadas junto dos mais jovens, e numa perspetiva inter-geracional, por forma a que não se perca este importante acervo linguístico, também enriquecedor da identidade nacional.”

É também valorizado o importante trabalho desenvolvido pelo Município de Barrancos, cuja ação ao longo dos tempos foi relevante para o reconhecimento da importância deste elemento essencial da cultura.

A presente lei quer reconhecer o Barranquenho e estabelecer medidas para a proteção, promoção e valorização dessa língua e da cultura que a enforma. Aquilo que se pretende é que seja reconhecido o direito à aprendizagem do Barranquenho nas escolas, em articulação com a autarquia local e o agrupamento de escolas, em termos a regulamentar pelo Ministério da Educação. Pretende-se ainda que o Estado Português reconheça a função da língua barranquenha, enquanto património cultural imaterial na sociedade portuguesa em geral e da comunidade barranquenha em particular, e apoie a criação e promoção de programas específicos, incluindo nomeadamente a criação de Centro de Documentação e de Estudo do Barranquenho.

Outro objetivo é que as instituições públicas localizadas ou sediadas no concelho de Barrancos, possam emitir os seus documentos acompanhados de uma versão em Barranquenho e, finalmente, que seja reconhecido o direito a apoio científico e educativo, tendo em vista a investigação, bem como a formação de professores de Barranquenho e da cultura local, nos termos a regulamentar.

Comente esta notícia

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização.