Em comunicado enviado à agência Lusa, a AHSA – Associação dos Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur lembrou que o setor está em pleno pico de produção”.

Mas a cerca sanitária decretada pelo Governo para duas freguesias do concelho de Odemira (Beja), São Teotónio e Longueira-Almograve, em vigor desde sexta-feira, provoca constrangimentos, já que os trabalhadores agrícolas que residem nestas zonas não podem sair e os que moram fora não podem aceder às explorações.

“Temos vindo a solicitar às entidades competentes a autorização da passagem (de e para as freguesias em cerca sanitária) de colaboradores que apresentem testes negativos válidos e devidamente certificados”, reivindicou a AHSA.

Contudo, “até ao momento, não obtivemos abertura para essa nossa pretensão”, lamentou.

O Governo decidiu decretar uma cerca sanitária às freguesias de São Teotónio e de Almograve, no concelho de Odemira, devido à elevada incidência de casos de covid-19, sobretudo em trabalhadores do setor agrícola, anunciou na quinta-feira o primeiro-ministro.

António Costa sublinhou também que "alguma população vive em situações de insalubridade habitacional inadmissível, com hipersobrelotação das habitações”, relatando situações de "risco enorme para a saúde pública, para além de uma violação gritante dos direitos humanos”.

Na sexta-feira, num outro comunicado, a AHSA alertou para o “impacto económico” da cerca sanitária, por, segundo as suas estimativas implicar “uma redução de cerca de 40% no acesso a mão-de-obra”.

Luís Mesquita Dias, presidente da associação, deu como exemplo à Lusa, na sexta-feira, o caso de “um associado de uma exploração de Almograve, em que 95% das pessoas que lá trabalham não vivem naquela freguesia”, pelo que “essa empresa na área dos frutos vermelhos vai deixar de colher, dentro da próxima semana, entre dois e três milhões de euros”.

A AHSA insistiu hoje que “esta impossibilidade” de os trabalhadores, “mesmo que devidamente testados”, acederem aos locais de trabalho “vai implicar um desperdício de milhares de toneladas de produtos agrícolas e despesas e perdas de milhões de euros para todas as empresas que operam na região”.

“A AHSA não está alheia à situação pandémica”, mas “não pode deixar de demonstrar preocupação pela forma como as decisões sanitárias estão a ser tomadas, sem ter em consideração o impacto económico nos trabalhadores e nas empresas, cujo peso no PIB nacional e nas exportações é fundamental para o país e decisivo para a região”, vincou a associação.

Quanto à falta de habitação para os colaboradores, “é um problema crónico” e “identificado há vários anos”, que “só se consegue resolver com a instalação de trabalhadores em habitações temporárias de qualidade, no interior das quintas”, disse a AHSA, reclamando que o processo de licenciamento destas novas habitações “dever ser acelerado e facilitado”.

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